Na caverna de Denisova, na Síbéria, pesquisadores encontraram pela primeira vez fósseis de um grupo desconhecido de hominídeos. Hoje sabemos que os denisovanos foram um grupo bastante amplo de humanos primitivos, tão importantes que o DNA denisovano permanece nos Homo sapiens até hoje.
Reforçando esta ideia, um grupo de pesquisadores da Universidade de Uppsala acaba de mostrar que um povo indígena das Filipinas tem uma quantidade record de DNA denisovano em suas células: em torno de 5%
Por mais que pareça uma quantidade irrisória, estes 5% representam algo em torno de 30% a 40% a mais do DNA destes hominídeos do que em outros grupos considerados bastante relacionados -ancestralmente- com estes hominídeos.
Para compor uma análise abrangente, os pesquisadores utilizaram dados genéticos de 118 populações das Filipinas, incluindo 25 povos indígenas da região. Acontece que um destes grupos em especial, Ayta Magbukon, apresentou tamanha herança do DNA denisovano, como comentado anteriormente.
De acordo com os pesquisadores, isso indica ainda mais evidentemente a relação entre Homo sapiens e outras espécies antigas de hominídeos. Os Homo luzonensis também são um segundo grupo de hominídeos ancestrais estudados nesta pesquisa que podem ter deixado sua herança genética em populações humanas.
Como o DNA denisovano foi parar em nossas células?
A resposta para esta pergunta é, bom, bastante natural: reprodução. Acontece que tanto denisovanos, quanto neandertais e outros hominídeos habitaram o planeta em períodos simultâneos aos Homo sapiens. Muitos especialistas acreditam, aliás, que a nossa espécie teve um papel fundamental na extinção de outros humanos.
Todavia, provavelmente aconteceram diversos cruzamentos entre os humanos e estes hominídeos, o que pode ser evidenciado por quantidades significativas de DNA denisovano, neandertal, dentre outros, em nossas células hoje. Acontece que certas populações têm “misturas” genéticas diferentes, dependendo da sua história evolutiva nos últimos 300 mil anos.
A partir do DNA dos Ayta Magbukon e outros grupos, os autores da nova pesquisa puderam observar também que os denisovanos chegaram às Filipinas em dois eventos diferentes, posteriormente tendo contato com os Homo sapiens.
A pesquisa baseada em DNA denisovano, todavia, é bastante complicada. Isso porque, em termos de fósseis, os denisovanos foram bastante tímidos. Existem hoje, no mundo todo, apenas alguns pequenos fósseis de denisovanos e eles só foram descobertos por acidente, durante uma pesquisa com DNA neandertal.
Ainda assim, com poucos dados genéticos, é possível se compor um sequenciamento bastante preciso do genoma destes hominídeos, o que nos permite entender melhor como eles também tiveram um papel na evolução humana.
O artigo está disponível no periódico Current Biology.