Registradas na Amazônia primeiras mortes de indígenas por Coronavírus

Erik Behenck
Vista aérea da aldeia Demini do povo Yanomami, Amazônia. (Domínio Público)

Um jovem de 15 anos da tribo indígena Yanomami morreu após contrair o SARS-CoV-2, doença respiratória que causa o Coronavírus. Aliás, o rapaz ficou internado em uma unidade de terapia intensiva no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista. Antes dessa, já haviam sido registradas mortes de indígenas por Coronavírus.

A morte de Alvanei Xirixana foi confirmada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), vinculado ao Ministério da Saúde. O jovem era da aldeia Rehebe, localizada às margens do rio Uraricoera, entrada para diversos garimpos ilegais na região amazônica.

Mortes de indígenas por Coronavírus geram alerta

A morte do jovem de 15 anos gerou um alerta na tribo onde ele vivia, com medo do passado. Aliás, entre as décadas de 1960 e 1980, como se sabe, a invasão garimpeira ilegal resultou na morte de aproximadamente 15% da população local. De fato, novamente uma doença viral ameaça, naquela época o sarampo e agora o Coronavírus.

Além do jovem, já foram registradas outras mortes de indígenas por Coronavírus. Assim, pelo menos outras duas pessoas morreram, uma mulher de 44 anos e um homem de 78 anos, mas como eles não moravam em terras indígenas, não foram contabilizados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), também ligada ao Ministério da Saúde.

Além dessas mortes, o Sesai registrou mais quatro casos de contaminação por Coronavírus, todos da tribo Kokama, em Santo Antônio do Içá, no Amazonas. Mas, em relação ao jovem de 15 anos, ele tinha outros problemas como a desnutrição, anemia e malária repetitiva.

Para quem não sabe, os povos indígenas são mais suscetíveis a novas doenças, já que possuem menos anticorpos devido ao pouco contato com outras populações. Assim, as primeiras mortes de indígenas por Coronavírus devem ser tratadas de maneira séria, como vem sendo feito.

O caso do jovem Xirixana

Xirixana foi internado pela primeira vez no dia 17 de março, em Alto Alegre, com suspeita de meningite. Posteriormente, no dia seguinte ele foi levado para a capital Boa Vista. Mas, uma semana depois e já com as aulas suspensas, retornou para a sua aldeia natal.

Contudo, no dia 26 do mesmo mês, já na aldeia, a sua saúde piorou. Em seguida, em 3 de abril ele foi levado novamente para Boa Vista, já em estado grave e com sintomas de doença respiratória. A partir disso, ficou internado em uma UTI. Por fim, o resultado conclusivo de Covid-19 saiu no dia 7.

Após a morte e a confirmação da doença, o Dsei confirmou que passou a isolar indígenas da mesma aldeia, principalmente os que apresentam sintomas de Coronavírus. Além disso, outras medidas foram tomadas para evitar a transmissão local, como a criação de espaços para isolamento e uma barreira sanitária.

Atualmente existem cerca de 26 mil yanomami, sendo que vivem da agricultura e suas aldeias são semi-permanentes, localizadas na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. A fim de evitar a disseminação, os líderes locais foram acionados para auxiliar no controle das medidas restritivas.

A informação foi publicada primeiro pela Folha de São Paulo, acesse aqui para conferir mais detalhes.

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