Paleontólogos descobrem fóssil de nova espécie de mosassauro em Marrocos

Leandro da Silva Monteiro
Nova espécie de mosassauro descoberta, o Khinjaria acuta. Imagem: Andrey Atuchin/Universidade de Bath

Muitos e muitos milhões de anos depois que essas criaturas andaram, e nadaram, pela Terra, paleontólogos seguem encontrando novas espécies de dinossauros e outros animais pré-históricos. O mais recente achado foi um lagarto marinho ancestral que teria o tamanho de uma orca, além de dentes afiados no formato de adagas e uma mandíbula poderosa que indica que possivelmente ele foi um terror dos mares antigos.

A descoberta já foi publicada num artigo na revista Cretaceous Research, onde os pesquisadores descrevem com mais detalhes os fósseis encontrados nas minas de fosfato de Sidi Chennane, no Marrocos. A criatura, que recebeu o nome de Khinjaria acuta, viveu por volta de 66 milhões de anos atrás no Oceano Atlântico ao longo da costa africana e deveria medir em torno de 8 metros de comprimento.

O nome Khinjaria deriva do termo árabe para “adaga”, khinjar, enquanto acuta significa “afiado” em Latim. A escolha é uma referência às mandíbulas dessa criatura marinha pré-histórica, que lhe permitiam caçar presas muito grandes, como tubarões ancestrais e outros répteis marinhos, como os plesiossauros.

Numa entrevista para a Universidade de Bath, na Inglaterra, os pesquisadores reveleram que o fóssil descoberto pertence à família dos mosassauros dos quais os dragões de komodo e as anacondas descendem. Inclusive, outras espécies de mosassauro foram descobertas recentemente, como o Megapterygius wakayamaensis e o Yaguarasaurus regiomontanus. Este primeiro recebeu o apelido de “dragão azul” e tinha uma barbatana dorsal que ainda não foi descoberta em nenhuma outra espécie de mosassauro.

Os cientistas conseguiram resgatar um crânio e parte do esqueleto do novo mosassauro numa das minas marroquinas próximas à cidade portuária de Casablanca. O co-autor do artigo, Nour-Eddine Jalil, que ensina e atua na gerência das coleções do Museu Nacional de História Natural de Paris, também revelou que a análise do crânio mostrou que o Khinjaria acuta tinha uma “terrível força de mordida”. Esse fato colocaria essa espécie de mosassauro entre o topo da cadeia alimentar do oceano no período Cretáceo, que durou de 145 milhões de anos até 66 milhões de anos atrás.

Paleontologistas descobrem fóssil de nova espécie de mosassauro em Marrocos
Fóssil mostrando a mandíbula do Khinjaria acuta. Imagem: Universidade de Barth

Nick Longrich, também co-autor do artigo e professor sênior no Departamento de Ciências da Vida e no Centro Milner para a Evolução na Universidade de Bath, adiciona que “Este foi um período incrivelmente perigoso para ser um peixe, uma tartaruga marinha ou até mesmo um réptil marinho”.

Unindo a descoberta do Khinjaria acuta com outras espécies encontradas, como os já citados Megapterygius wakayamaensis e o Yaguarasaurus regiomontanus, os cientistas se questionam quantos, como e por que tantos diferentes mosassauro existiram nesse período. Esses achados abrem um extenso leque de possibilidades para novas pesquisas no campo da paleontologia.

Algo que chama atenção de Longrich é notar que as múltiplas espécies de predadores estavam no topo das suas respectivas cadeias alimentares e todas tinham dentes diferentes. Para ele, isso sugere que cada uma dessas espécies possuíam hábitos distintos de caça. Isso levou cada um dos mosassauros a desenvolver uma dentição específica para atacar suas presas.

“Esta é uma das faunas marinhas mais diversas já vistas em qualquer lugar, em qualquer momento da história, e existiu pouco antes dos répteis marinhos e dos dinossauros se extinguirem”, acrescentou. “Alguns mosassauros tinham dentes para perfurar presas, outros para cortar, rasgar ou esmagar. Agora temos Khinjaria, com um rosto curto cheio de dentes enormes em forma de adaga.”

No artigo, os autores concluem que “mosassauros tornaram-se cada vez mais especializados no final do Cretáceo, evoluindo repetidamente para ocupar o nicho de predador principal, sugerindo que um ecossistema marinho diversificado […] Os ecossistemas marinhos do final do Cretáceo diferem dos ecossistemas marinhos modernos pela alta diversidade de grandes predadores”.

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