Nova espécie de mosassauro ‘dragão azul’ é diferente de tudo visto anteriormente

Damares Alves
Ilustração do dragão azul Wakayama. Imagem: Takumi

Pesquisadores no Japão estão em alvoroço após a descoberta extraordinária de um fóssil de mosassauro que está sendo chamado de “dragão azul”. Com aproximadamente 72 milhões de anos, a criatura pré-histórica oferece uma visão sem precedentes da biodiversidade do final do período Cretáceo.

Um estudo publicado no Journal of Systematic Palaeontology anunciou o fóssil, que foi desenterrado na Formação Hakobuchi na ilha de Hokkaido e tem mostrado características únicas que desafiam a compreensão dos paleontólogos sobre a fauna marinha da época. O Megapterygius wakayamaensis, apelidado de “dragão azul” parece ter dominado as águas do antigo Oceano Pacífico com um corpo robusto e uma série de adaptações exclusivas.

O fóssil revela um réptil marinho com uma morfologia peculiar, incluindo uma mandíbula robusta e dentes afiados, indicando uma dieta carnívora possivelmente composta por grandes amonites e outros répteis marinhos. Como outros mosassauros, M. wakayamaensis tinha um torso semelhante ao de um golfinho com quatro nadadeiras em forma de remo, um focinho em forma de crocodilo e uma cauda longa. Mas também tinha uma barbatana dorsal como a de um tubarão ou golfinho, o que não é visto em nenhuma outra espécie de mosassauro. 

M. wakayamaensis tinha barbatana dorsal e grandes nadadeiras traseiras, únicas entre os mosassauros.
M. wakayamaensis tinha barbatana dorsal e grandes nadadeiras traseiras, únicas entre os mosassauros. Imagem: TAKUMI

“Não temos nenhum análogo moderno que tenha esse tipo de morfologia corporal – de peixes a pinguins e tartarugas marinhas”, disse o coautor Takuya Konishi em um comunicado. “Nenhum deles tem quatro nadadeiras grandes que usam em conjunto com uma barbatana caudal.”

A esquipe de pesquia teorizou que as grandes nadadeiras frontais podem ter ajudado o mosassauro nas manobras rápidas, as nadadeiras traseiras com inclinação para mergulhar ou emergir e a cauda para aceleração. “É uma questão de como todas essas cinco superfícies hidrodinâmicas foram usadas. Quais eram para direção? Qual para propulsão?”, Konishi explicou. “Isso abre uma lata de minhocas que desafia nossa compreensão de como os mosassauros nadavam.”

Outra coisa que intriga os especialistas é a coloração azulada dos ossos fossilizados, um fenômeno raro que pode ser resultado de um processo mineral único durante a fossilização. Enquanto a coloração real da criatura em vida é desconhecida, a tonalidade dos ossos fornece ao fóssil o seu apelido carismático.

O tamanho estimado do “dragão azul” também é motivo de admiração. Embora a extensão completa do esqueleto ainda esteja em análise, os fragmentos encontrados sugerem que a criatura poderia medir vários metros de comprimento, tornando-a um dos predadores dominantes de seu tempo.

Um gráfico dos restos fossilizados do dragão azul Wakayama, o esqueleto mais completo já encontrado no Japão ou no noroeste do Pacífico.
Um gráfico dos restos fossilizados do dragão azul Wakayama, o esqueleto mais completo já encontrado no Japão ou no noroeste do Pacífico. Imagem: Takuya Konishi)

A descoberta é considerada um marco na paleontologia, abrindo novas perguntas sobre a diversidade de vida marinha e as cadeias alimentares do Cretáceo. Além disso, oferece pistas valiosas sobre a evolução dos ecossistemas marinhos e os possíveis caminhos evolutivos tomados por répteis ancestrais.

A comunidade científica aguarda com expectativa a possibilidade de mais descobertas que possam surgir da Formação Hakobuchi, um local que continua a ser um tesouro de informações sobre o passado da Terra.

O Wakayama Soryu não é o único mosassauro descoberto recentemente. Confira também o Jörmungandr, semelhante a um dragão-de-Komodo, e o mosassauro superdimensionado e com língua bifurcada encontrado no México.

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