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Planeta Terra

O maior segredo químico da história foi deliberadamente escondido do público por anos

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 Quase todos nós carregamos em nossos corpos substâncias químicas que nunca se degradam. Um estudo alarmante revela que até 99% das pessoas têm em seus organismos os chamados “produtos químicos eternos”, substâncias que permanecem indefinidamente no corpo humano e estão associadas a diversos problemas de saúde. Mais perturbador ainda é a descoberta de que os fabricantes desses químicos conheciam os riscos e os esconderam deliberadamente do público.

Conhecidos pela sigla PFAS (substâncias per- e polifluoroalquil), esses compostos sintéticos são adicionados a produtos cotidianos para melhorar características como impermeabilidade, propriedades antiaderentes e resistência a manchas. Estão presentes em frigideiras antiaderentes, embalagens de fast food, certos tecidos, espumas para combate a incêndios e até em componentes de motores a jato.

Apesar de terem menos de um século de existência, os PFAS se tornaram onipresentes no meio ambiente e nos organismos de animais, incluindo humanos. Sua estrutura química foi projetada para resistir ao calor, água e óleo, o que explica por que não se degradam facilmente na natureza ou no corpo humano, acumulando-se ao longo do tempo em solos, águas, vida selvagem e tecidos humanos.

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Um estudo de 2023 conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Francisco e da Universidade do Colorado analisou documentos internos da DuPont e da 3M, os maiores fabricantes de PFAS. Esses documentos, que abrangem 45 anos (1961-2006), vieram à tona durante um processo judicial movido pelo advogado Robert Bilott, cuja história inspirou o filme “Dark Waters” de 2019.

Os registros revelam que as empresas possuíam evidências substanciais sobre os prejuízos potenciais dos PFAS, mas optaram por não publicar suas descobertas nem informar a Agência de Proteção Ambiental (EPA), conforme exigido pela legislação americana.

“Esses documentos revelam evidências claras de que a indústria química sabia dos perigos dos PFAS e não informou o público, os reguladores e nem mesmo seus próprios funcionários sobre os riscos”, afirmou Tracey J. Woodruff, professora e diretora do Programa de Saúde Reprodutiva e Meio Ambiente da UCSF e autora sênior do artigo.

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Um memorando do Laboratório Haskell, financiado pela DuPont em 1970, já classificava o C8 (um tipo de PFAS) como “altamente tóxico quando inalado e moderadamente tóxico quando ingerido”. Em 1979, outro relatório confirmou que cães expostos a uma única dose de ácido perfluorooctanoico (PFOA) “morreram dois dias após a ingestão”.

Em 1980, a DuPont e a 3M descobriram que duas das oito trabalhadoras grávidas envolvidas na produção do C8 tiveram filhos com defeitos congênitos. Mesmo assim, as empresas não divulgaram essa informação nem alertaram seus funcionários. No ano seguinte, um memorando interno contraditoriamente afirmava: “Não temos evidências de defeitos congênitos causados pelo C-8 na DuPont.”

Apesar do conhecimento sobre os perigos potenciais, as empresas repetidamente garantiram ao público que não havia motivo para preocupação. A DuPont chegou a afirmar aos funcionários que o C8 “tem toxicidade menor, como o sal de cozinha” e, em 1991, publicou um comunicado alegando que “o C-8 não tem efeitos tóxicos ou nocivos conhecidos em humanos nas concentrações detectadas”.

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A verdade eventualmente veio à tona. Em 2004, a DuPont recebeu uma multa de US$ 16,45 milhões da EPA — a maior penalidade civil sob a lei ambiental americana até então. Contudo, esse valor foi insignificante comparado à receita anual estimada de US$ 1 bilhão que a empresa obtinha com PFOA e C8 em 2005.

“À medida que muitos países buscam ações legais e legislativas para limitar a produção de PFAS, esperamos que sejam auxiliados pela linha do tempo das evidências apresentadas neste artigo”, disse Woodruff. “Essa linha do tempo revela falhas graves na forma como os EUA atualmente regulam produtos químicos nocivos.”

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