Nova espécie de tarântula com a cor mais rara da natureza é encontrada na Tailândia

Elisson Amboni
Imagem: Narin Chomphuphuang

Uma descoberta recente feita por uma equipe de cientistas tailandeses revelou uma nova e impressionante espécie de tarântula nas florestas de mangue da Tailândia. Com suas deslumbrantes luzes azuis, a criatura foi batizada de Chilobrachys natanicharum e marca a primeira tarântula já identificada vivendo nos manguezais da Tailândia.

As ‘tarântulas azuis-elétricas’ não haviam sido formalmente descritas até agora. Os cientistas não tinham conhecimento do habitat da espécie até a descoberta da primeira tarântula na Tailândia, encontrada vivendo em hastes de bambu no ano passado. Incentivada por essa descoberta, uma equipe liderada pelo aracnólogo Nar Chomphhuang, da Universidade de Khon Kaen, embarcou em uma expedição para localizar essas tarântulas azuis esquivas.

“O primeiro espécime que encontramos estava em uma árvore na floresta de mangue”, diz Chomphuphuang, que teve sua descoberta descrita em um artigo na revista Zookeys. “Essas tarântulas habitam árvores ocas, e a dificuldade de capturar uma tarântula azul-elétrica está na necessidade de escalar uma árvore e atraí-la para fora de um complexo de ocos em meio a condições úmidas e escorregadias.”

Durante a expedição, que envolveu caminhadas durante a maré baixa no fim da tarde e à noite, a equipe conseguiu coletar apenas dois espécimes. A escassez dessas tarântulas destaca ainda mais sua raridade e a necessidade de sua proteção.

O mistério do azul na natureza

O azul é uma das cores mais raras encontradas na natureza. Embora as flores azuis sejam raras e as folhas azuis inexistentes devido à raridade da produção de pigmentos azuis nas plantas, animais como pássaros, peixes e insetos como as borboletas exibem coloração azul.

Chilobrachys natanicharum
Chilobrachys natanicharum por vários ângulos. Imagem: DOI: 10.3897/zookeys.1180.106278

Várias espécies de tarântulas também possuem tons azuis. Entretanto, os azuis vívidos vistos na Chilobrachys natanicharum não são resultados da pigmentação, mas sim um produto da coloração estrutural.

Pesquisas recentes descobriram que minúsculas estruturas nanoscópicas dentro do corpo das aranhas refletem a luz de tal forma que ela brilha com tons de azul e violeta. Surpreendentemente, diferentes espécies de tarântulas em todo o mundo exibem o mesmo tom vívido de azul elétrico, apesar das variações nas nanoestruturas responsáveis por esse fenômeno.

O fascinante caso da Chilobrachys natanicharum

A Chilobrachys natanicharum se destaca por suas marcas azuis e violetas vibrantes nas pernas, pedipalpos e quelíceras. Essas marcas “piscam” e cintilam quando a aranha levanta as pernas para se defender ou durante os rituais de cortejo. Estudos recentes também revelaram que as tarântulas azuis podem perceber a coloração azul vívida de seus co-específicos.

Embora os pesquisadores ainda não tenham determinado o objetivo e a função exata dessas cores marcantes, acredita-se que elas desempenhem um papel na comunicação entre as aranhas. No entanto, são necessários mais estudos para confirmar essa hipótese. No entanto, está claro que a Chilobrachys natanicharum é uma das espécies de tarântula mais raras conhecidas.

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