Entenda por que o azul é a cor mais rara do planeta

Mateus Marchetto
Não se engane pelo tamanho do céu e do mar, o azul é a cor mais rara do planeta. Imagem: rafaelpbernardi / Pixabay

Quem olha para o céu em um dia de verão, ou para o mar limpo e calmo, pode ser levado a pensar que a cor azul é bastante comum e natural. Contudo, menos de 10% de todas as plantas do planeta têm essa coloração. Para os animais, ainda, os números não chegam a 1%. Aqui, portanto, vamos entender a real raridade de tons azuis na natureza.

Primeiramente, é preciso lembrar um pouco das aulas de física, sem medo. As ondas eletromagnéticas, assim, compõem um espectro, que também inclui todas as luzes visíveis ao olho humano. Os pássaros, por exemplo, podem enxergar a luz ultravioleta (UV) devido a um tipo extra de célula em seus olhos.

Acontece que o azul está perto da ponta mais energética do espectro da luz. Ou seja, esse tipo de onda luminosa é extremamente energética, com um comprimento de onda bastante curto. É por esse motivo, aliás, que as plantas absorvem a luz azul, mais energética, e refletem a verde, mais fraquinha. Isso permite uma eficiência energética maior.

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Imagem: Original Horst Frank/ Wikipedia Commons

Quando falamos de animais, a situação é ainda mais extrema. De quantos vertebrados azuis você consegue se lembrar, nesse momento?

Acontece que muitos animais adquirem suas cores a partir do ambiente. Exemplo disso, ademais, são os flamingos, que nascem cinza mas adquirem a cor rosa ao longo da vida pela alimentação. Acontece que essas aves consomem camarões e algas que possuem uma variação rosa de caroteno. Quando falamos de minerais, portanto, a cor azul é bastante escassa no planeta.

Assim, animais dificilmente podem adquirir essa cor do seu ambiente. Por esse motivo também pedras preciosas de cor azul são tão raras, como o lápis-lazuli, que chegava a ser mais caro que o próprio ouro durante a idade média.

O azul “verdadeiro” é quase inexistente na Terra

Existem, contudo, diversos exemplos de organismos azuis, como os mortais sapos da família Dendrobatidae. No entanto, a maioria dos animais azuis na verdade não são, realmente, azuis.

Acontece que pigmentos (como a melanina ou a clorofila) azuis também são extremamente raros, justo pela ausência de minerais azuis no planeta. O que acontece, então, é que muitos animais refletem diversos tipos de luz que, combinados, formam tons de azul. As borboletas do gênero Morpho, por exemplo, usam essa estratégia para criar a cor azulada em suas asas.

Assim, a maioria dos organismos azuis usam essa estratégia de criação de um falso azul (sem pigmentos), provavelmente porque a evolução de um pigmento azul seria muito mais difícil do que a primeira opção.

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