Incrível ataque de megalodonte fica preservado em dentes

Jamille Rabelo
Dois megalodontes. Imagem: Shutterstock

Há milhões de anos atrás, o extinto e enorme tubarão da espécie megalodonte atacou uma baleia cachalote ancestral. Esta luta de gigantes ficou registrada no dente da vítima, sugere um novo estudo.

Esta é a primeira evidência que os maiores tubarões que já habitaram a Terra predavam qualquer animal marinho, inclusive as baleias cachalotes.

O dente é tudo que restou do cachalote. O co-autor do estudo, Norman Riker, encontrou o dente em uma grande mina de fosfato na Carolina do Norte, nos anos 70 ou 80, quando a mina estava aberta a colecionadores de fósseis.

A datação exata de quando ocorreu o ataque do megalodonte ainda não é possível. Para chegar aos leitos mais antigos ricos em fosfatos, os mineradores removeram baldes de rocha sedimentar sobrejacente e despejaram-nos nas proximidades, onde os colecionadores de fósseis podiam vasculhar.

Desta forma, as camadas de rocha se misturaram, o que torna a datação imprecisa. Os cientistas não sabem se o dente vem dos leitos sedimentares mais antigos, que o datariam da época do Mioceno, há 14 milhões de anos. Ou dos leitos fósseis mais novos, que o datariam da época do Plioceno, há cerca de 5 milhões de anos.

Seja como for, o dente está no período Neogeno (23 milhões a 2,5 milhões de anos atrás).

Durante o Neogeno, o clima da Terra era mais quente do que é hoje e, como resultado, os polos norte e sul tinham menos gelo. Desta forma, o nível do mar era mais alto. Assim, o que hoje é continente na Carolina do Norte, antes era banhado pelo Oceano Atlântico e era repleto de vida.

Tubarão contra baleia

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Antigo dente de baleia cachalote mostrando três marcas de dentes serrilhados do tubarão megalodonte (Godfrey et al., Acta Palaeontologica Polonica, 2021).

O tamanho e forma do dente curvo de 11,6 centímetros indica claramente que pertence a uma espécie de cachalote extinta.

Calculando o tamanho do corpo a partir do tamanho do dente, os pesquisadores estimam que esta baleia em particular era pequena, com apenas cerca de 4 metros de comprimento. Os cachalotes atuais atingem comprimentos superiores a 15 metros.

Três marcas no dente mostram que o que quer que tenha mordido o dente tinha dentes serrilhados e uniformemente espaçados.

Com base no tamanho e espaçamento das marcas de mordidas e serrilhas, os únicos culpados possíveis são o tubarão megalodonte Otodus chubutensis (que viveu há 28 a 13 milhões de anos) e o seu descendente Otodus megalodon (que existiu há 20 a 3,5 milhões de anos).

“Nenhum dos outros tubarões fósseis conhecidos da mina de fosfato tem dentes suficientemente grandes e serrilhados para deixarem estes vestígios de mordida no dente do cachalote”, disse o autor do estudo, Stephen Godfrey.

“Até agora, foram encontrados vestígios de mordida por estes tubarões gigantes (com um comprimento de corpo superior a 18 m) em outros ossos de baleias e golfinhos extintos, mas nunca na cabeça ou em outros ossos de um cachalote”.

As marcas da mordida sugerem um ataque do megalodonte com o objetivo de matar, em direção à cabeça. Dessa forma, é descartada qualquer teoria que o tubarão já encontrou o cachalote morto.

As descobertas trazem informações importantes à antiga ecologia animal da Carolina do Norte.

Além disso, não é de se admirar que o tubarão megalodonte tenha mordido o dente do cachalote. As baleias assassinas, predadoras do topo nos oceanos atuais, são conhecidas por comerem as línguas e gargantas de outras baleias.

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