Hipopótamos de Pablo Escobar estão se espalhando por toda a Colômbia

Metrópoles
Reprodução/Getty Images

Um dos criminosos mais famosos de todos os tempos, Pablo Escobar, fundador do cartel de drogas de Medellín, na década de 1980, está sendo relembrado na Colômbia por uma “bomba-relógio” ecológica que instalou no país: a grande população de hipopótamos.

Um grupo de hipopótamos importados originalmente por Escobar para seu zoológico particular décadas atrás se multiplicou, e, segundo cientistas, os animais estão se espalhando por um dos principais cursos de água do país, o rio Magdalena. No mês passado, um estudo publicado na revista Biological Conservation indicou que o abate dos animais seria a única forma de mitigar seu impacto ambiental.

“É óbvio que sentimos pena desses animais, mas, como cientistas, precisamos ser honestos”, disse a bióloga colombiana Nataly Castelblanco, uma das autoras do estudo, à BBC. “Os hipopótamos são uma espécie invasora na Colômbia, e, se não matarmos uma parte de sua população agora, a situação pode ficar fora de controle em apenas 10 ou 20 anos”, completou.

O crescimento dos “hipopótamos da cocaína” começou em 1993, após autoridades matarem Pablo Escobar e confiscarem sua propriedade Hacienda Napoles, a cerca de 250 km de Bogotá.

Animais encontrados no local foram levados para zoológicos de todo o país, mas os hipopótamos permaneceram no local. “Era logisticamente difícil transportá-los, então as autoridades simplesmente os deixaram lá, provavelmente pensando que os animais morreriam”, disse Castelblanco.

Ao longo dos anos, os cientistas tentaram calcular quantos hipopótamos vivem nas águas ​​da Colômbia, com estimativas que variam de 80 a 120 animais. “É o maior rebanho de hipopótamos fora da África, que é sua região nativa”, disse o veterinário e conservacionista Carlos Valderrama à BBC.

Castelblanco ainda comentou que a população dos animais chegará a mais de 1.400 espécimes já em 2034, caso não ocorra um abate. Todos descendem de um grupo de um macho e três fêmeas. No estudo, eles colocam um cenário ideal em que 30 animais precisariam ser abatidos ou castrados todos os anos para impedir que isso aconteça.

Ameaças de morte

A população ainda é o motivo pelo qual autoridades ainda não tomaram medidas contra o crescimento na população dos animais. Depois que a mídia colombiana noticiou o estudo, a bióloga Nataly Castelblanco começou a receber mensagens com ataques e ameaças de morte.

“Algumas pessoas na Colômbia podem ficar muito bravas quando o assunto é hipopótamos”, disse ela. “As pessoas tendem a entender muito mais sobre as espécies invasoras quando falamos sobre plantas ou criaturas menores, e não quando falamos de um mamífero enorme, que muitos podem achar fofo”, disse à reportagem.

Além de grandes, os hipopótamos também são perigosos e frequentemente aparecem nas listas dos animais mais mortais do mundo. Não houve registro de mortes por esse motivo na Colômbia, mas em maio de 2020 a mídia local noticiou que um trabalhador rural foi gravemente ferido por um hipopótamo em uma cidade perto de Hacienda Napoles.


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Este artigo foi originalmente publicado pelo Metrópeles, parceiro da SoCientífica.

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