Fóssil de ‘dragão voador’ é encontrado preservado no deserto do Chile

Jamille Rabelo
Imagem: Kevin Schafer via Getty images

Cientistas identificaram como um “dragão voador” os restos fossilizados de um pterossauro desenterrado no deserto de Atacama, no Chile. O fóssil do grupo dos Ranforrincos é o primeiro a ser descoberto no Hemisfério Sul.

O pterossauro, que sobrevoou o céu há 160 milhões de anos, tinha uma envergadura de asas de 2 metros, uma cauda longa e pontiaguda e dentes que se projetavam para fora da boca. Características que dão à criatura da era Jurássica seu apelido de “dragão”.

Os cientistas identificaram o fóssil como um membro da Rhamphorhynchinae, uma subfamília de Ranforrincos, que era um dos dois principais tipos de pterossauros (ao lado dos Pterodáctiloides).

Em comparação com os pterodátilos, como o gênero de pteranodontes que incluía espécies com envergadura de asas acima de 7 metros, as Rhamphorhynchinae eram em média menores, com caudas mais longas e, ao invés de bicos, possuíam mandíbulas totalmente dentadas, que provavelmente utilizavam para capturar peixes e pequenos mamíferos marinhos do mar.

Descoberta inédita no Hemisfério Sul

A descoberta é a primeira vez que um membro da subfamília Rhamphorhynchinae é encontrado abaixo da linha do equador.

“Esta descoberta foi muito emocionante”, disse Jhonatan Alarcón, cientista da Universidade do Chile que liderou a pesquisa. “Somos os primeiros paleontólogos a revelar a presença da subfamília Rhamphorhynchinae no Hemisfério Sul”. Antes desta descoberta, pensava-se que estes pterossauros não existiam nestas latitudes”.

Osvaldo Rojas, diretor do Museu de História Natural do Deserto do Atacama, descobriu o fóssil em 2009, disse Alarcón. Rojas abriu uma rocha do deserto que o intrigou e encontrou os ossos longos e fósseis do antigo réptil preservados no seu interior. Uma análise de Alarcón revelou que os restos antigos pertenciam a uma espécie desconhecida na subfamília Rhamphorhynchinae.

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Representação de um Rhamphorhynchinae. Arte de Mauricio Alvarez.

Trajeto do pterossauro

Como esse “dragão voador” chegou tão ao sul, no norte do Chile, e acabou descansando sobre as areias do lugar mais seco da Terra, ainda é uma incógnita. Por enquanto, Alarcón afirma que “Não podemos dizer que este pterossauro seja uma espécie migratória”, mas a descoberta sugere que pelo menos um membro da Rhamphorhynchinae se dispersou do Hemisfério Norte para o Sul.

Quando o antigo pterossauro estava vivo, a maior parte da massa terrestre do Hemisfério Sul fazia parte de um supercontinente chamado Gondwana. Alarcón teorizou que o “dragão voador” do Chile pode ter saído do Hemisfério Norte, que fazia parte do supercontinente Laurasia, e se desviado para Gondwana. Como alguns membros da Rhamphorhynchinae também foram encontrados ao longo da costa de Cuba, o pterossauro do Chile poderia ter seguido a costa para o sul.

“Ele provavelmente seguiu a costa para que não se afastasse muito do local de alimentação”, disse Alarcón.

Os próximos passos dos pesquisadores serão extrair cuidadosamente as partes finais do fóssil que ainda permanecem presas dentro da rocha.

Em seguida, eles planejam fazer mais comparações entre o pterossauro e outros da mesma subfamília. Eles esperam que, fazendo isso, serão capazes de descobrir se o pterossauro é uma espécie completamente nova.

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