Cientistas encontram fóssil de dinossauro que foi morto pelo asteroide

Letícia Silva Jordão
Imagem: BBC - Universidade de Manchester

Há 66 milhões de anos atrás, os dinossauros que habitavam a Terra foram dizimados por um asteroide gigante que atingiu o planeta. Recentemente, cientistas encontraram um fóssil de dinossauro que pode ter sido morto no momento que o asteroide atingiu a Terra.

Os cientistas encontraram uma perna de dinossauro incrivelmente preservada, que possuía a pele do animal e peixes com vestígios de poeiras nas guelras. O fóssil foi encontrado no sítio paleontológico de Tanis, no estado americano de Dakota do Norte, e representa algo extraordinário na comunidade científica, por ser um espécime do próprio cataclismo.

“Temos tantos detalhes neste sítio que nos dizem o que aconteceu momento a momento, é quase como ver isso acontecendo nos filmes. Você olha para a coluna de rocha, olha para os fósseis lá e isso traz você de volta até aquele dia”, diz Robert DePalma, estudante de pós-graduação da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que lidera a escavação do local.

A BBC passou três anos filmando a região e criando materiais para desenvolver um documentário sobre o sítio de Tanis. Ele tem previsão de estreia para meados de Abril e foi conduzido pelo Sir David Attenborough.

Esférulas em guelras de peixes ajudaram a identificar o asteroide

Atualmente o fato de uma rocha espacial de 12km de largura ter atingido o planeta e causado uma extinção em massa é algo aceito pela comunidade científica. O local desse impacto se deu no Golfo do México, ao largo da Península de Yucatán, que fica a cerca de 3.000 km de Tannis.

A potência do asteroide foi tão forte ao impactar a Terra, que mesmo 3 mil quilômetros de distância não foram o suficiente para fazer com que o impacto não fosse sentido. A sua devastação foi transmitida pelos ventos e sentida em toda a parte.

O peixe encontrado junto do fóssil de dinossauro foi o que ajudou os cientistas a identificarem que eles eram da mesma época do impacto do asteroide. O peixe possuía pequenas partículas presas nas suas brânquias, que são as esférulas de rocha derretidas que os peixes teriam inalado quando elas entraram nos rios.

“Conseguimos separar a química e identificar a composição desse material. Todas as evidências, todos os dados químicos deste estudo sugerem fortemente que estamos olhando para um pedaço do impacto, do asteroide que dizimou os dinossauros”, explica o professor Phil Manning, supervisor de doutorado de DePalma.

Fóssil de dinossauro é analisado por outros especialistas

Para realizar o documentário, a BBC consultou diversos especialistas externos para examinar as descobertas no local. Um deles foi o professor Paul Barrett, do Museu de História Natural de Londres, que é um especialista em dinossauros ornitísquios.

Ele relatou que o fóssil de dinossauro encontrado é um Thescelosaurus. “É um grupo que não tínhamos nenhum registro anterior de como era sua pele, e mostra muito conclusivamente que esses animais eram muito escamosos como lagartos. Eles não eram emplumados como seus contemporâneos carnívoros.”

Sobre a perna do dinossauro, ele ainda relata que ela parece ter sido arrancada muito rapidamente, levando em consideração que não existem vestígios de que ela tenha sido arrancada por outro animal ou sofrido de alguma doença.

No entanto, mesmo com toda a pesquisa realizada no local, há quem duvide que o fóssil de dinossauro tenha pertencido a um animal que realmente morreu no dia que o asteroide impactou a Terra.

O professor Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, diz estar cético sobre a descoberta do fóssil de dinossauro. “Esses peixes com esférulas em suas guelras são um cartão de visitas absoluto para o asteroide. Mas para algumas das outras alegações, eu diria que eles têm muitas evidências circunstanciais que ainda não foram apresentadas ao júri”.

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