Fósseis de 280 milhões de anos descobertos em rio de Santa Catarina

Erik Behenck
Descoberta de fósseis em Santa Catarina foi possível devido a falta de chuva. Foto: Cenpaleo/ Reprodução)

Santa Catarina está enfrentando um período de seca, o que levou a descoberta de fósseis de 280 milhões de anos. São partes de um Mesossauro, encontradas em rochas na cidade de Três Barras, localizada 354 quilômetros distante da capital Florianópolis. [O que são fósseis e como eles se formam?]

A descoberta foi divulgada recentemente e os materiais estão sendo estudados por pesquisadores do Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (Cenpaleo-UnC), de Mafra, também em Santa Catarina. Aliás, o achado realmente só foi possível devido à estiagem.

Embora o inverno ainda não tenha chegado outono tem castigado os produtos rurais catarinenses. Já são mais de 90 cidades prejudicadas pela falta de chuva. [Seca no Iraque emerge antigo palácio de 3.400 anos; veja imagens]

Fósseis de 280 milhões de anos estavam dentro de rio

Conforme o paleontólogo Luiz Carlos Weinschütz, coordenador do Cenpaleo, a descoberta foi possível apenas devido ao baixo nível de água do Rio Negro. Dessa forma, os leitos rochosos que em boa parte do tempo ficam cobertos, acabaram sendo expostos.

Os fósseis de 280 milhões de anos foram encontrados por Carlos Eduardo Fiolek, coordenador do Museu do Contestado de Três Barras. A partir disso, os pesquisadores do Cenpaleo foram até lá e reconheceram as rochas, referentes a estruturas de antigos répteis que viveram na região há cerca de 280 milhões de anos. Aliás, esses animais eram conhecidos como mesossauros. [Entenda como são feitas as datações de fósseis]

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Pesquisadores recolheram fósseis para análises no Norte de SC — Foto: Univerdiade do Contestado/Divulgação

“Embora estejamos vivenciando este momento de seca, que é difícil, isso é muito importante para as descobertas da história antiga da região”, destacou Weinschütz ao portal NSC Total.

De acordo com o pesquisador Everton Wilner, os mesossauros eram répteis aquáticos que viviam em um antigo golfo, conhecido por paleontólogos e chamado de Golfo Irati. Os animais tinham entre 80 centímetros e um membro, com membranas entre dos dedos para que o nado fosse facilitado. Já a alimentação era baseada em crustáceos.

“Embora tenha esse nome ele não tem nada a ver com os dinossauros. Ele é até mais antigo que os dinossauros”, explica. Os dinossauros surgiram por volta de 233 milhões anos atrás e desapareceram há 65 milhões de anos.

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Pesquisadores catarinenses avaliam os fósseis. (Foto: Cenpaleo/ Reprodução)

Os mesossauros viveram na antiga Gondwana

Fósseis como estes já foram localizados em rochas da África do Sul e isso pode ser explicado por um motivo: os animais vivam no supercontinente Gondwana. Além disso, a descoberta das mesmas espécies em diferentes continentes foi fundamental para as primeiras ideias acerca da deriva continental. [Descoberto o mais completo esqueleto da ‘besta louca’ de Gondwana]

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Fósseis de Mesossauro foram descobertos em SC — Foto: Universidade do Contestado/Divulgação

A expectativa é de que daqui algum tempo os fósseis encontrados sejam expostos no Museu de Três Barras, para que todos os interessados possam conhecer as histórias da região.

Weinschütz destaca que os fósseis são considerados Patrimônios da União e a coleta ou comercialização deles em território brasileiro é considerado crime. “Instituições de Pesquisas, Museus e Universidades podem ter a guarda desse material”, explicou. Então, se você encontrar um destes materiais algum dia, avise quem entende do assunto e tem competência para isso.

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