Enquanto trabalhava na Universidade de Estocolmo na Suécia, Christina Hansen Wheat e seus colegas avaliaram o comportamento de apego em 12 huskies do Alasca de duas ninhadas diferentes e dez lobos cinzentos europeus de três ninhadas. Cada ninhada foi criada separadamente e amplamente exposta a humanos durante os dois primeiros meses de suas vidas, com cuidadores humanos presentes 24 horas por dia. Após quatro meses, a presença de cuidadores foi gradualmente reduzida ao ponto de os filhotes passarem as noites sem um cuidador.
Os pesquisadores descobriram que cães e lobos apresentam comportamentos de apego semelhantes para com pessoas familiares, incluindo saudação, acompanhamento e expressão de contato físico. Com 23 semanas de idade, ambos os grupos de animais também eram capazes de discriminar entre um estranho e uma pessoa familiar.
Testes similares têm sido mais frequentemente usados para investigar e compreender a relação e os comportamentos das crianças humanas com seus pais.
“As espécies de mamíferos compartilham um fundo emocional e cognitivo comum que permite a exibição destes comportamentos. Não é surpreendente que o vejamos em lobos porque é um comportamento que eles podem exibir para com suas mães”, disse Giulia Cimarelli, da Universidade de Medicina Veterinária de Viena, na Áustria, que não estava envolvida no estudo. “Entretanto, o fato de que eles podem demonstrá-lo para com os seres humanos suscita preocupações”.
Acredita-se que os animais domesticados exibem um vínculo social mais forte com os humanos do que seus ancestrais selvagens. Uma teoria é que os cães desenvolveram a capacidade de formar laços com os humanos durante o processo de domesticação.
“Não ficou claro se selecionamos especificamente para isso ou se foi algo que os cães naturalmente adquiriram, mas não houve consenso”, explica Cimarelli.
Os pesquisadores envolvidos na pesquisa demonstraram que este tipo de apego não é exclusivo a animais domesticados, como os cães. Entretanto, houve algumas diferenças de comportamento entre cães e lobos. Ao longo da experiência, os filhotes de lobos apresentaram sinais crescentes de estresse, tais como andar de um lado para o outro, agachar-se e colocar a cauda entre as pernas – mas esta resposta foi modulada pela presença de uma pessoa familiar.
Além disso, Cimarelli observa que a experiência levanta algumas questões não respondidas. Não está claro, em particular, por que os cães aceitam prontamente os humanos como parceiros sociais mesmo na ausência da socialização intensiva que os filhotes de lobos e cães receberam durante este estudo.