Planeta Terra
Descoberta surpreendente em “latrina” pré-histórica indica que borboletas existem há mais tempo que flores

Uma descoberta surpreendente em fezes fossilizadas está reescrevendo a história evolutiva das borboletas e mariposas. Pesquisadores encontraram evidências de escamas de lepidópteros em excrementos de 236 milhões de anos, o que pode indicar que esses insetos coloridos já existiam muito antes do surgimento das flores no planeta.
Banheiro comunitário pré-histórico revela segredo evolutivo
O achado ocorreu em 2011, quando cientistas do Centro Regional de Pesquisa Científica e Transferência Tecnológica de La Rioja (CRILAR), na Argentina, coletaram amostras em uma antiga “latrina comunitária” no Parque Nacional Talampaya. O local era usado por dicinodontes, animais herbívoros semelhantes a mamíferos que viveram no período Triássico e que, curiosamente, compartilhavam um espaço comum para suas necessidades fisiológicas – comportamento que persiste em várias espécies atuais como forma de reduzir riscos de predação e comunicar-se com outros membros do grupo.
Ao analisar os coprólitos (nome técnico para fezes fossilizadas) encontrados neste sítio, os pesquisadores identificaram minúsculas escamas hexápodes com aproximadamente a largura de dois fios de cabelo humano. Estas estruturas microscópicas são características das asas de borboletas e mariposas, sendo suficientemente distintas para permitir a classificação de uma nova espécie, batizada como Ampatiri eloisae.
Borboletas antes das flores: um enigma evolutivo
“Nossa borboleta é a mais antiga conhecida, mas não é a primeira borboleta”, explicou Lucas Fiorelli, paleontólogo do CRILAR, à revista Science. “Essa forma original é praticamente impossível de encontrar – seria como descobrir o ancestral comum de humanos e chimpanzés. Mesmo assim, Ampatiri é o mais próximo que chegamos dessa origem.”
O que torna esta descoberta particularmente intrigante é sua implicação cronológica. Se as escamas realmente pertenciam a lepidópteros, isso antecipa o surgimento deste grupo em aproximadamente 35 milhões de anos em relação às estimativas anteriores. Mais surpreendente ainda é que essa datação sugere que as borboletas e mariposas, com suas probóscides (estruturas semelhantes a canudos flexíveis usadas para sugar alimentos líquidos), teriam evoluído cerca de 100 milhões de anos antes do aparecimento das flores.
Os cálculos da equipe situam o desenvolvimento da probóscide entre 260 e 244 milhões de anos atrás. Esta adaptação, essencial para que as borboletas modernas acessem o néctar em flores tubulares, deve ter servido inicialmente para outros propósitos, já que as plantas com flores só surgiram muito depois.
Adaptação após extinção em massa
Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é que esta característica tenha emergido após o evento de extinção Permiano-Triássico, ocorrido há 252 milhões de anos. Naquele período de transformação ambiental acelerada, plantas não floríferas produziam secreções conhecidas como “gotas de polinização”, que poderiam ter sido exploradas pelos primeiros lepidópteros com suas probóscides incipientes.
Esta adaptação inicial teria posteriormente se tornado ainda mais especializada com o surgimento e diversificação das plantas com flores, criando a relação simbiótica que observamos hoje entre borboletas e flores.


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