Os asteroides troianos compartilham as suas órbitas no entorno do Sol com os planetas. Já falamos aqui sobre os asteroides troianos de Marte, de Júpiter, e os possíveis troianos da Terra. No entanto, os asteroides localizam-se nos pontos de Lagrange (pontos gravitacionalmente estáveis), a 60° dos planetas. Mas com outro planeta é diferente, pois falamos de uma escala maior. O que ocorreria se a Terra compartilhasse a órbita com outro planeta?
Bom, no início da existência do sistema solar, possivelmente alguns planetas por aqui compartilhavam suas órbitas. No entanto, destruíram-se ao chocar um com o outro. Mas, no momento, refiro-me a planetas estáveis. Vamos utilizar exemplos práticos. Em um primeiro momento, olhemos para Epimetheus e Janus, duas luas de Saturno.
As órbitas delas são, em suma, loucas. Imagine dois corpos orbitando traçados quase coincidentes em tempos semelhantes, onde em algum momentos as órbitas se invertem. Se o corpo A está na órbita interna e o corpo B está na órbita externa, em algum anos isso se inverte, e o corpo A passará para a órbita externa; logo, o corpo B, para a interna.
Exemplos
É difícil colocar em palavras, mas a imagem abaixo ilustra:
Isso é o que chamamos de órbita em ferradura. Dependendo de como você olhar, há uma ilusão, e o movimento se parece ainda mais louco. Nesse caso, as órbitas de parecem assim:
Mas isso é como uma ilusão, claro. Na verdade, o movimento ocorre como no gif abaixo, e isso desenha as ferraduras. Ali, considera-se um dos corpos parados, ou quase parados. Os dois giram em torno do Sol (ou de Saturno, no caso de Epimetheus e Janus), pois assim permanecem estáveis.
Mas as órbitas de Epimetheus e Janus são muito mais próximas do que a Terra e o asteroide 3753 Cruithne. Dessa forma, as órbitas se parecem assim:
Note que nesse tempo as outras luas giram muito rapidamente. Isso porque as duas luas estão desaceleradas, para enxergamos a movimentação em ferradura – e isso também poderia ocorrer, pelo menos em teoria, com dois planetas orbitando o Sol. Epimetheus e Janus se aproximam muito – 15.000 km, ou 20 vezes mais próximo do que a distância média entre a Terra e a Lua. Mas eles ainda mantêm a estabilidade.
“Acho que as órbitas em ferradura estão entre as configurações mais interessantes para outras Terras”, disse o astrofísico Sean Raymond ao portal Live Science. “Uma vez que os dois planetas se formaram no mesmo disco em torno da mesma estrela, e provavelmente de coisas semelhantes, estudar sua evolução é semelhante a estudar a vida de gêmeos separados no nascimento”.
Um companheiro da Terra
Se Terra compartilhasse a órbita com outro planeta, haveria uma vista linda. “Seria incrível ver o companheiro em forma de ferradura crescer no céu e se tornar uma fonte dominante de luz”, diz Raymond. Os dois planetas se afastariam e se aproximariam em um determinado intervalo, então veríamos um brilho e um tamanho muito mais inconstante do que vemos na Lua.
O tempo entre cada encontro dependeria muito da velocidade das órbitas e das larguras de ferraduras. Para a Terra se estabilizar com um companheiro de tamanho semelhante, as órbitas em ferradura se estenderiam, conforme Raymond, entre aproximadamente 0,995 UA e 1,005 UA (1 UA é a distância entre a Terra e o Sol). Nesse caso, o pico das aproximações ocorreria a cada 33 anos – seria um evento e tanto.
Os dois planetas orbitando a mesma distância até o Sol, significaria que ambos recebem quantidades parecidas de luz. A proximidade também indicaria composições semelhantes. Imagine que ambos desenvolvessem a vida inteligente. Quando elas evoluíssem a ponto de sair do planeta se encontrariam. O que será, então, que ocorreria? Amizades ou guerras? O seres dos dois planetas se pareceriam?
Com informações de Live Science e Forbes.