Planetas potencialmente habitáveis são aqueles que, de forma consideravelmente simplista e generalista, teriam a capacidade de talvez hospedar vida. Entre os parâmetros utilizados estão a distância até a estrela, a ausência ou presença de uma atmosfera.
Mais tarde, quando nossas tecnologias evoluírem, podemos realizar análises mais aprofundadas, como a composição da atmosfera, nível de umidade, presença de oceanos, presença de campo magnético. Embora os cientistas já façam algumas análises químicas com a espectroscopia, ainda é algo bastante modesto, e há muito no que evoluir.
Por ora, estudamos com as informações que temos – informações muito mais ricas do que alguém em qualquer momento anterior da humanidade jamais teve. Já catalogamos mais de 4 mil exoplanetas, além de outros milhares aguardando a confirmação. E sabemos que há muito mais por aí – esses são somente os que conhecemos e catalogamos oficialmente.
Abrigando vida
A maior dificuldade, no entanto, é estimar quais planetas, ou sendo ainda mais amplo, quais estrelas abrigariam vida? Por exemplo, estrelas muito grandes consomem seu combustível rapidamente e vivem somente algumas dezenas de milhões de anos. Dessa forma, descartamos estrelas grandes rapidamente, já que isso é insuficiente.
Agora, temos as estrelas como o Sol. O Sol viverá, no total, 10 bilhões de anos. Atualmente ele possui 4,5 bilhões, ou seja, ainda está na metade da sua vida. Estrelas ainda menores do que o Sol, como as anãs brancas, são capazes de superar os 10 bilhões de anos. Portanto, para procurar vida, começamos pelas estrelas mais estáveis.
O Sol é uma estrela bastante tranquila. No entanto, mesmo assim às vezes ele coloca a vida na Terra em risco. Em 1859 uma forte tempestade solar atingiu a Terra, queimando redes elétricas e telegráficas, além de possibilitar o surgimento de auroras boreais na linha do equador. Hoje em dia, uma tempestade assim queimaria nossos satélites, computadores, além de diversos equipamentos eletrônicos expostos.
Para a vida no geral, a tempestade solar de 1859 não causou muito transtorno. A Terra nos protegeu de boa parte da tempestade, mas não de toda. Então, se fôssemos atingidos por tempestades assim de forma mais constante, nos exporíamos a muita radiação. Portanto, uma estrela ativa de mais também impossibilitaria a vida, nesse sentido.
Moral da história: quer encontrar planetas habitáveis? Procure por estrelas pequenas, chatas e monótonas.
Estimando estrelas com planetas potencialmente habitáveis
Em um novo estudo, aceito pelo periódico The Astronomical Journal, mas por ora publicado somente como preprint no arXiv, os cientistas tentam estimar a quantidade de estrelas que abrigam planetas potencialmente habitáveis. De acordo com a estimativa mais conservadora, apenas 7% das estrelas semelhante ao Sol hospedam planetas potencialmente habitáveis. Mas espera-se que esse valor supere os 50%.
“Embora esse resultado esteja longe de ser um valor final, e a água na superfície de um planeta seja apenas um dos muitos fatores que sustentam a vida, é extremamente emocionante calcular que esses mundos são tão comuns com tanta confiança e precisão”, explica em um comunicado Steve Bryson, autor principal do estudo.
Com dados do Telescópio Espacial Kepler, um caçador de exoplanetas que operou entre 2009 e 2018, os cientistas analisaram a ocorrência de planetas rochosos com um tamanho entre 0,5 e 1,5 vezes maior do que a Terra em regiões habitáveis de estrelas semelhantes ao Sol, com temperaturas entre 4.527 e 6.027 graus Celsius na superfície.
Uma estimativa conservadora é a de que há 0,37 a 0,60 planetas por estrela semelhante ao Sol. A segunda estimativa que os cientistas fizeram, mais otimista, diz haver entre 0,58 e 0,88 planetas potencialmente habitáveis por estrela. Na média, podemos dizer, então, que cerca de metade das estrelas semelhantes ao Sol abrigam esses planetas.
O estudo, já disponível no arXiv, será publicado no The Astronomical Journal. Com informações de de Space.com e NASA.