O telescópio é um tipo de instrumento verdadeiramente fascinante. Das primeiras lunetas até o Hubble e o mais recente James Webb, eles estiveram presentes em nossa história. E tanto na Terra, quanto no espaço. Ainda, estiveram nas mãos de militares e marinheiros, que os utilizavam para navegação, localização e observação do território em que estavam. Mas também, claro, nas mãos de cientistas, que identificaram seu potencial para a investigação do universo. Mais precisamente, aliás, essa tradição começa com o revolucionário pensador Galileu Galilei.
Galileu não inventou o telescópio, é verdade. Os créditos vão para o holandês Hans Lippershey, um fabricante de lentes. Galileu, contudo, ouvindo falar da invenção, não demorou a construir a sua própria versão. E mais, a apontá-la para o céu. Afinal, temos um novo instrumento que aumenta a imagem do objeto que estamos observando. Como será que iríamos ver, então, a Lua, os planetas e as estrelas do céu? O brilhante italiano levou a curiosidade a sério. Assim, pôde distinguir crateras e montanhas na Lua, os anéis de Saturno, as 4 maiores luas de Júpiter e manchas solares. Ele viu até mesmo uma difusa faixa de luz pelo céu, depois identificada como a Via Láctea.
Hoje, a rotina de um astrônomo é bem diferente da que Galileu tinha. Enquanto o italiano passava noites inteiras observando e anotando o que via, a tecnologia facilitou as coisas. Isso porque os telescópios hoje coletam informações em regiões pré-programadas do céu, no horário desejado. O trabalho de muitos cientistas, assim, é, na verdade, analisar o grande volume de dados que conseguimos obter atualmente. Mas será que a visão romântica do astrônomo, o apaixonado pelo universo que nem sequer dormia para poder observá-lo, ainda existe? Podemos dizer que sim. E o motivo é a astronomia amadora, muito motivada pelos telescópios amadores.
Tipos de telescópio
Há, principalmente, três tipos de telescópio. São eles o refrator, o refletor e o catadióptrico, também chamado de composto ou Cassegrain. No caso dos primeiros, são usadas lentes para focar a imagem na ocular, por onde observamos. Eles são as famosas lunetas, o tipo mais clássico de telescópio. Porém, os preços podem ficar pouco amigáveis para tubos com diâmetro maior que 100 mm. Já os refletores usam espelhos em vez de lentes e, por isso mesmo, são mais baratos. Há de se levar em conta a manutenção, contudo. Telescópios refletores precisam ser realinhados (colimados) conforme o uso, principalmente se for algo comum mudá-los de lugar. A poeira também é um problema, considerando que os tubos são abertos. Além de tudo, o revestimento dos espelhos precisa ser trocado depois de 10 ou 20 anos. Ou seja, telescópios refletores garantem um preço melhor, mas também um pouquinho mais de trabalho.
Um telescópio refrator foi utilizado por Galileu e os refletores foram inventados por ninguém menos que Sir Isaac Newton. Os catadióptricos, por outro lado, são mais modernos. Seu design combina espelhos e lentes de forma engenhosa para permitir maior aumento em um tubo menor. O campo de visão também é maior, facilitando observar objetos mais extensos no céu. Isto é, os Cassegrain são compactos, poderosos e práticos. Contudo, também são mais caros.
Abertura e magnificação
Além dos tipos, é necessário ter atenção para o tamanho. Mais especificamente, para a chamada abertura do telescópio. Na verdade, é a característica mais importante do instrumento. O diâmetro da lente ou espelho principal determina quanta luz será coletada pelo instrumento. E quanto mais luz, mais objetos e mais detalhes podemos ver. Com um diâmetro de 70 a 100 mm, já é possível enxergar as crateras da Lua com detalhes, bem como as faixas atmosféricas de Júpiter e os anéis de Saturno. Para objetos como galáxias, nebulosas e aglomerados, contudo, pode ser necessária uma abertura maior.
Apesar da abertura ser o mais importante, muitas vezes é a magnificação que leva o crédito. A magnificação (aumento ou aproximação) da imagem depende das distâncias do ponto de foco (ou distância focal) até a lente ou espelho. O mesmo vale para a distância focal da ocular utilizada, que também é relevante. Ter bastante magnificação na imagem, porém, sem uma boa abertura, só garante observar os limites do universo como um grande borrão. Isso porque, nesse caso, a luz coletada não é suficiente para enxergamos com detalhes. Além, claro, de que as condições atmosféricas nem sempre são ideais.
Montagem
A montagem também é importante. Afinal, o tubo não pode estar suspenso no ar. Há, principalmente, dois tipos, o azimutal (ou altazimutal) e o equatorial. A primeira montagem é mais simples e funciona como um tripé fotográfico. Isto é se move para cima e para baixo em altitude e para os lados (em azimute). Já as equatoriais são menos intuitivas para iniciantes. Há dois eixos de movimento, um deles alinhado com a rotação da Terra, o que sempre deve ser feito ao mover o telescópio de lugar. Para isso, alinha-se o eixo com o polo sul celestial (ou polo norte, para quem está no hemisfério norte).
Além de tudo, é possível integrar as montagens com um sistema automatizado ligado a um banco de dados celestes. Isso permite ao astrônomo amador encontrar um objeto apenas apertando alguns botões. Montagens assim são chamadas de GoTo. E, claro, também fazem o preço final aumentar. Mas tudo depende da facilidade com que se quer observar e do tipo de objeto que se quer observar, assim como a escolha do tipo e tamanho do telescópio. E nem todos sabem, mas não é preciso investir todo o seu orçamento para adquirir um instrumento razoável. Conhecendo um pouco sobre os telescópios e seus limites e possibilidades, o céu é o limite.