Câmera flagra javalis resgatando amigos de armadilha

Rafael D'avila
Javalis resgatando os amigos presos. Imagem: Masilkova et al/ Scientific Reports

A natureza nos surpreende em todos os momentos, e dessa vez não foi diferente: javalis são flagrados resgatando amigos de armadilha. Todavia, registros como esses são raros, identificados apenas em espécies altamente pró-sociais, como formigas e ratos, que possuem um alto nível de empatia. Os pesquisadores afirmam que o ápice das imagens não foi o resgate em si, mas a maneira como ele aconteceu.

Quatro características específicas determinam os propósitos da ciência observacional. Essa maneira de ajudar outro individuo precisa de: vítima em perigo, socorrista que está se colocando em risco para realizar o resgate, ação considerável para libertá-la e nenhum benefício imediato para o salvador, se eles conseguirem concluir a ‘operação’. Javalis, ao longo da história, realizam tarefas comuns para a espécie, mas este grupo em questão serviu como objeto de estudo para um artigo em que a Scientific Reports publicou.

Dois javalis (um jovem e outro subadulto) ficaram trancados dentro de uma armadilha, e logo começaram a emitir sinais de angústia. Além disso, correram por dentro do pequeno espaço e atacaram as paredes. Poucas horas depois, oito javalis apareceram, incluindo uma fêmea adulta, que investia contra as toras que seguravam a armadilha no lugar.

javali resgate capa

Como aconteceu o resgate?

Mesmo que a sequência de imagens apresente lacunas, é possível perceber que a ação dos animais deu resultado: removeram totalmente as toras frontais da armadilha. Os javalis não resgatam os amigos, como também, realizam todo o processo de maneira eficiente, pois enquanto o grupo atuava por fora, os javalis do lado de dentro se moviam, até que conseguiram se libertar.

Este processo de adoção do estado emocional chama-se ‘contágio emocional’, e afeta também os porcos, que se desesperam quando outros estão em perigo. Ao captar os sentimentos dos javalis perturbados, contudo, a fêmea se motivou para aliviá-los do problema.

“… Comportamentos empáticos, em várias formas, estão presentes em Suidae e nosso relato de comportamento de resgate representa evidência adicional”, escreveram os autores do estudo. “No caso em que a correspondência do estado emocional (exibida, por exemplo, como piloereção [ereção da juba]) estava realmente envolvida como discutido acima, o comportamento de resgate representa a forma mais complexa de empatia…”, concluíram

Mesmo sendo selvagens, esses animais podem levar essa característica de sociabilidade para os humanos. Javalis são flagrados, ocasionalmente, passeando entre turistas nas praias, perseguindo aventureiros em trilhas, etc. A verdade é que, mesmo sem nenhuma recompensa como troca, eles se solidarizam com a dor do outro.

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