No dia 07 de março deste ano, o governo australiano encontrou uma cachalote (Physeter macrocephalus) morta nas praias da Ilha Philip, no sul do país. Por meio de um post no Facebook, o Department of Environment, Land, Water and Planning (DELWP), uma organização do governo alertou sobre o incidente. O DELWP alerta que é preciso evitar a área e também as águas ao redor, já que a carcaça deve atrair muitos tubarões – além do normal para a Austrália, claro.
A organização também ressalta que é ilegal chegar a menos de 300 metros da carcaça. No entanto, isso não impediu ladrões de roubarem um pedaço da mandíbula do animal durante a noite. Além do mais, nenhum veículo de retirada consegue chegar ao local do cadáver, então a baleia será deixada onde está até se decompor. Rest in peace.
Pesquisadores constataram que a fêmea adulta de cachalote tinha marcas de encontros com lulas-gigantes. Algumas cicatrizes recentes, inclusive, tinham mais de 10 centímetros de diâmetro. Apesar disso, a causa da morte ainda é incerta e é pouco provável que uma lula-gigante a tenha causado. Isso porque, em geral, as baleias são massivamente mais fortes e maiores que as lulas. A fêmea em questão, por exemplo, tinha 16 metros de comprimento.
Aas cachalotes são as maiores baleias dentadas conhecidas. Esses animais podem viver até 70 anos e geralmente atingem 15 metros de comprimento quando adultas. Além disso, as cachalotes podem mergulhar mais de 1 quilômetro de profundidade para caçar (lulas-gigantes geralmente). Entre os séculos XVIII e XX os baleeiros ao redor do mundo tinham as cachalotes como principal alvo, devido ao espermacete, um óleo presente na cabeça dos animais.
Mas o que matou a cachalote, então?
A hipótese mais provável é que a baleia tenha morrido por causas naturais. Apesar das cicatrizes de batalhas com lulas-gigantes, a cachalote não apresenta nenhum ferimento fatal evidente. Ademais, o sistema digestivo do animal não foi avaliado, então é impossível saber se houve qualquer contaminação por resíduos humanos.
No geral, mortes isoladas de baleias, como essa, não causam alardes nos departamentos de ecologia justamente por serem fatos isolados. As mortes naturais desses animais acontecem frequentemente, afinal, uma vez que a população de cachalotes ao redor do mundo passe dos 300 mil indivíduos. Inclusive, outra baleia apareceu morta a poucos quilômetros de distância da Ilha Philip. Dessa vez o corpo de uma baleia jubarte apareceu boiando próximo às praias australianas.
Os dois eventos não têm relação comprovada e o DELWP anunciou pelo twitter a retirada da jubarte no dia 11 de março.