Como imagens amadoras ajudaram astrônomos profissionais

Lorena Franqueto
Imagem: Pixabay

Desde os desenhos de Galileu Galilei no século 17 até as imagens registradas atualmente aconteceram grandes mudanças na avaliação do espaço. Inclusive, no início do século 20, a fotografia trouxe novas perspectivas para os astrônomos. Não apenas os profissionais animaram-se com essas tecnologias, mas também outros amantes do espaço. Atualmente, até mesmo algumas imagens amadoras ajudam os astrônomos profissionais a estudarem o universo.

Como surgiram essas imagens amadoras?

Em 1883, Andrew Common fotografou algumas estruturas da Nebulosa de Órin (M42), as quais eram invisíveis através de telescópios. Nos dias atuais, a imagem digital consumiu a fotografia química e cada vez mais pessoas puderam acessar dispositivos para registrar o espaço.

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Imagem: FelixMittermeier/Pixabay

Um desses instrumentos são câmeras de dispositivos de cargas acopladas (CCD), controladas por computador e que podem se ligar em telescópios. Por isso, amadores obtêm imagens ultraprofundas e pesquisam vastas áreas no céu.

Além disso, a sensibilidade da câmera, a operação rápida e a falta de competição pelo tempo de observação típico dos observatórios profissionais colocam essas instalações robóticas amadoras de baixo custo na linha de frente da imagem ultraprofunda. Por fim, as observações com grandes telescópios às vezes estão sujeitas ao brilho de artefatos próximos e, por isso, complicam ou mascaram a detecção de estruturas mais fracas. 

Dessa forma, com a colaboração entre pessoas comuns e equipes profissionais de pesquisadores, surgiram várias descobertas importantes sobre o Universo. Esse relacionamento, por exemplo, desvendou os mistérios do surgimento das grandes galáxias.

Quais as principais imagens amadoras que ajudaram os astrônomos?

Na última década, amadores americanos, europeus e chilenos observaram galáxias espirais e as regiões ao redor delas, obtendo diversas astroimagens. Eles operam observatórios de propriedade privada, usando telescópios RC. A seguinte imagem demonstra as avaliações de pequenas estruturas ao redor da Nuvem de Magalhães:

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Pequena Nuvem de Magalhães com muitos detalhes através de uma lente Canon. Imagem: Yuri Beletsky/Fabian Neyer/Bernhard Hubl do Chile

Além das galáxias, as imagens amadoras também ajudaram astrônomos a identificarem halos estelares de grandes galáxias. Inclusive, para detectá-los requer imagens de longa exposição e campo amplo abrangendo os arredores das galáxias hospedeiras. A imagem a seguir exemplifica uma dessas colaborações:

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Esta imagem descoberta de um fluxo estelar no halo da galáxia anã NGC 4449, localizada a 12 milhões de anos-luz de distância. Imagem: R. Jay GaBany

Outro exemplo da colaboração, foi a detecção de uma variedade de estruturas ao redor da galáxia M63. Após a análise das imagens, os astrônomos concluíram que os artefatos a estão possivelmente relacionados aos restos de satélites antigos.

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Fluxos estelares em torno de M63 são os restos de uma galáxia satélite que foi interrompida pela grande espiral. Imagem: R. Jay GaBany/Novo México

Essas são apenas algumas das colaborações das imagens amadoras para o conhecimento do universo, mas demonstram muito bem como simples lentes também alçam o espaço.

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