Ouça o som de uma supernova e de uma nebulosa

Felipe Miranda
Supernova 1987A. Imagem: ESO/L. Calçada

Certamente você não leu errado. Isso soa estranho, mas podemos ouvir uma supernova. Na verdade, podemos ouvir absolutamente tudo. No vácuo não há som, mas há vibrações que os cientistas transformaram em sons. A luz visível é apenas uma forma de se enxergar o universo. Assim, a astronomia ainda utiliza rádio, microondas, luz infravermelha, ultravioleta, entre diversas outras faixas do espectro eletromagnético. O som de uma supernova é uma forma indireta de vê-la.

A NASA, então, transformou esses sinais eletromagnéticos em sons para três objetos: a nebulosa do caranguejo, a supernova 1987A e o Bullet Cluster, um objeto que formou-se a partir da colisão entre dois aglomerados de galáxias. A agência divulgou os três vídeos no dia 30 de novembro por meio de um comunicado. 

Sem mais delongas, vamos enfim aos sons. 

O som de uma supernova

No vídeo abaixo, não há o som da Supernova 1987A. Uma supernova é uma das diversas formas de morte de uma estrela. Em alguns dias, a explosão brilha milhões de vezes, aproximando-se, em alguns casos, a até quase 1 bilhão de vezes o que a estrela brilhava. Dessa forma, destaca-se na galáxia, mas apenas momentaneamente.

O vídeo demonstra diversas fases do desenvolvimento da explosão. Como o próprio nome sugere, ela explodiu em 1987. Então, a partir do primeiro instante do vídeo, no ano de 1999, ela já possuía 12 anos de idade. 

As supernovas são as fábricas do universo. Com a esplendorosa violência da energética explosão, elas produzem e jogam para longe os materiais mais pesados do que o ferro. As estrelas não possuem força para produzi-los, então, esse é um trabalho essencial. O sistema solar surgiu da poeira deixadas por uma supernova, por exemplo.

O som de uma nebulosa

A nebulosa também possui sua importância para o desenvolvimento do universo. Nebulosas são enormes nuvens de poeira pairando pelo espaço. Essas nuvens, muitas vezes provindas de estrelas mortas, como supernovas, fornecem matéria prima para que novas estrelas e sistemas solares inteiros se formem, dando continuidade ao ciclo de vida e morte. 

Os principais dados dos sons representam jatos de matéria e antimatéria criados pelo forte campo magnético da energética nuvem de poeira. 

A nebulosa do caranguejo, em específico, é uma velha amiga da humanidade. Ela apareceu no céu pela primeira vez um milênio atrás, em 1054, quando explodiu em uma supernova. Em 1731, os astrônomos a notaram como uma nebulosa, mas apenas no último século a estudaram com a disposição de tecnologia avançada. 

Quando explodiu pela primeira vez, tornou-se uma fonte de luz extremamente destacável no céu. Por isso a conhecemos desde 1054 – os astrônomos árabes e chineses a registraram. Hoje, ela brilha somente com seu calor residual, e emite a maior parte de sua luz na faixa dos raios-x e raios gama.

O som do Bullet Cluster

Podemos traduzir Bullet Cluster como ‘Aglomerado bala’ (no sentido de um projétil de uma arma de fogo. O objeto formam-se, conforme destacamos, a partir da colisão de dois aglomerados de galáxias. 

O corpo também possui uma importância destacável, mas não para o universo. Na verdade, ele nos auxilia na ciência, nos auxilia a entender o universo. O Bullet Cluster forneceu a primeira prova direta da matéria escura e é, até os dias de hoje, o melhor laboratório do universo para compreendermos o comportamento dessa coisa exótica. O vídeo, inclusive, inclui os sons da matéria escura, através das frequências sonoras mais baixas. 

A matéria escura é algo que não sabemos do que se trata. Não é matéria. A chamamos de matéria porque exerce gravidade – e esta é a única forma pela qual ela interage com a  matéria comum. Não a enxergamos nem a sentimos de nenhuma outra forma. Portanto, se conhecemos e estudamos a matéria escura hoje, agradeça ao Bullet Cluster. 

Com informações de Live Science e NASA

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