Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lideraram um estudo de oito anos para avaliar as emissões de carbono na Amazônia. A pesquisa, publicada na revista Nature, mostrou que agora a Floresta Amazônica está emitindo mais carbono para a atmosfera do que é possível absorver.
A pesquisa, por conseguinte, começou em 2010 e coletou dados até o ano de 2018. Para isso, os pesquisadores realizaram medições verticais dos níveis de dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO) até 4000 metros de altura. Desse modo, foram necessários 590 voos em pequenos aviões sobre a floresta no período de oito anos.
O que a pesquisa mostrou é que as emissões de carbono aumentaram em até 30% em certas regiões da Amazônia oriental, ou seja, brasileira. A porção ocidental não sofreu tanto com o aumento da produção de carbono e manteve-se neutra. Ou seja, na parte oeste da floresta, a mata emitiu tanto carbono quanto consumiu. Isso, de acordo com a pesquisa, é característica de uma floresta relativamente saudável.
Já no Brasil a situação está bem diferente. Os dados mostraram que regiões que perderam mais de 30% da cobertura vegetal tiveram uma emissão de carbono mais de 10 vezes maior do que em outras regiões que perderam até 20%. Ou seja, a floresta está emitindo mais carbono do que consegue absorver pela fotossíntese.
Problemas ecológicos e econômicos da emissão de carbono
Mas afinal, como o carbono está indo parar na atmosfera? Simplesmente, combustão.
Não é de hoje que as queimadas ilegais vêm acontecendo na Amazônia. Em geral, fazendeiros ilegais promovem queimadas para liberar espaço para pastagem e cultivo de soja. Esse tipo de comportamento, aliás, ganhou força após as eleições de 2018, quando políticas de conservação foram enfraquecidas em todo o território nacional.
Apesar disso, o desmatamento da Amazônia é um problema há décadas. O que acontece é que agora ele chegou a níveis extremamente alarmantes. Isso porque a Amazônia pode simplesmente passar a se retrair, quando um certo nível de desmatamento é alcançado.
Diversas pesquisas e especialistas apontam que esse ponto de virada já chegou ou está muito próximo.
Tirando o evidente problema ecológico, da perda do hábitat mais rico do planeta, a Amazônia é o pote de ouro até mesmo dos fazendeiros que estão ateando fogo na floresta. Isso porque a floresta é responsável pela regulação do regime de chuvas e, inclusive, há indícios que as secas crescentes no país tenham origem no desmatamento da Floresta Amazônica.
A pesquisa do INPE, que inclusive já sofreu diversas investidas do governo Bolsonaro, reforça o diagnóstico de uma patologia grave do Brasil. Não apenas nas políticas públicas dos últimos 100 anos, mas também na falta da valorização do maior bem, econômico e ecológico, do país.
O artigo da pesquisa está disponível no periódico Nature.