Além da estranha aparência cientistas descobriram que os mamíferos ornitorrincos são biofluorecentes quando em contato com a luz ultravioleta. Eles emitem cores em tons azuis esverdeados.
Quem são os ornitorrincos?
Os ornitorrincos são seres pertencentes à classe de mamíferos monotremados, ou seja, aqueles que mamam mas põem ovos. Entretanto, além dessa característica, esses animais chamam a atenção com sua aparência bem peculiar. A impressão que temos quando olhamos para esse animal é que ele é composto por pedaços de outros animais que se juntaram. Assim, o ornitorrinco possui um focinho igual de pato, uma cauda achatada de castor e patas palmadas com esporos de veneno (nos machos).
No século XIX cientistas europeus visualizaram pela primeira vez espécimes empalhadas de ornitorrincos. No entanto, a primeira impressão e pensamento foi de que se tratava de um animal hipotético que havia sido montado com pedaços de pato e toupeira.
Além disso, esses mamíferos são aquáticos e encontrados somente em uma região do mundo: leste da Austrália. O seu nome científico, Ornithorhynchus anatinus, significa “pé chato com focinho de pássaro”, por sua aparência particular, segundo o Museu de História Natural de Londes (NHM) et al. Live Science.
Como foi descoberto que os ornitorrincos são biofluorecentes?
A coloração natural da grossa pele coberta de pelos dos ornitorrincos é marrom escuro, que os protegem do frio das águas. No entanto, foi revelada uma coloração brilhosa azul esverdeada em uma espécime empalhada quando submetida a raios ultravioleta (UV).
A descoberta foi feita com dois exemplares de ornitorrincos, um macho e uma fêmea, coletados na Tasmânia e armazenados no The Field Museum em Chicago. Após observarem o brilho fluorescente nesses espécimes, cientistas testaram um terceiro exemplar presente na Universidade de Nebraska, o qual apresentou os mesmos resultados. Além disso, os pesquisadores concluíram que o padrão de coloração é o mesmo para machos e fêmeas, o que demonstra que a biofluorescência não está ligada à características sexuais.
A descoberta causou bastante surpresa, pois a biofluorescência (absorção e emissão de luz em cor diferente) é rara em mamíferos, mas comum em peixes, anfíbios e répteis. Por outro lado, já existem relatos de biofluorescência nas duas outras classes de mamíferos: placentários, nos esquilos voadores, e marsupiais, nos gambás (de acordo com a revista Mammalia).
A cientista Allison Kohler, da University em College Station, descobriu que todas as espécies norte-americanas de esquilos voadores apresentam biofluorescência. Dessa forma o esquilo voador do norte (Glaucomys sabrinus), do sul (Glaucomys volans ) e de Humboldt (Glaucomys oregonensis) brilham rosa quando expostos ao ultravioleta. Posteriormente, Kohler e sua equipe decidiram testar outras espécies de mamíferos da coleção do museu afim de descobrir se também apresentavam biofluorescência.
Para que serve a biofluorescência nos ornitorrincos?
Os ornitorrincos não utilizam muito a visão. Durante a natação eles fazem a percepção do ambiente ao redor através da mecanorrecepção (toque e som) e da eletroestimulação (sinais elétricos). Dessa forma acredita-se que estes mamíferos utilizam da biofluorescência para diminuir a visualização de predadores.
A descoberta de que os ornitorrincos são biofluorecentes mostra que a característica não é exclusiva de apenas alguns mamíferos e que está presente em todas as classes do filo. Assim, os estudiosos acham que a característica pode ser ancestral, tendo origem no começo da árvore genealógica do grupo.
Segundo alguns pesquisadores envolvidos no estudo “a pesquisa de campo será essencial para documentar a biofluorescência do ornitorrinco e sua função ecológica em animais selvagens”.