Ornitorrinco

Mateus Marchetto
Ornitorrinco nadando. Imagem: Pixabay

Ornitorrincos são integrantes da ordem Monotremata. Oficialmente eles pertencem à classe dos mamíferos, animais com glândulas mamárias, glândulas sudoríparas e pelos em ao menos um estágio da vida. Contudo, os ornitorrincos também possuem um bico robusto, parecido com o de um pato. Como se não fosse confusão suficiente, esses animais ainda botam ovos e amamentam sua prole pelos poros da pele – uma vez que não têm mamas. Além disso os ornitorrincos ainda têm algumas características reptilianas, como garras e esporões venenosos, além de pelos luminescentes.

Apesar de serem mamíferos, os ornitorrincos não carregam os seus filhotes na barriga durante toda a gestação, como os placentários, e nem cuidam da prole em bolsas especializadas, como os marsupiais. O que acontece é que os monotremados desenvolvem um ovo ao redor de seus embriões após certo tempo da gestação. O ovo é posto, então, e o desenvolvimento do feto continua mesmo fora do corpo da mãe. Além do mais, as fêmeas de ornitorrincos não possuem mamas, e o leite é secretado por meio de – pasme – pelos especializados, na barriga da mãe.

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Imagem: Msdstefan / Wikipedia Commons

Estes animais possuem um bico semelhante ao de um pato, um corpo achatado e coberto de pelos grossos, além de patas com membranas e uma cauda robusta para a natação. No geral eles podem habitar tanto ambientes aquáticos quanto terrestres, sendo majoritariamente aquáticos de água doce.

Por que os ornitorrincos são tão estranhos, afinal?

Dentro da classe dos mamíferos existem três outras subclasses: placentários, que possuem a placenta – órgão que faz trocas gasosas entre o feto e a mãe – como o próprio nome diz; marsupiais, como cangurus e gambás que têm uma placenta atrofiada e, portanto, precisam terminar o desenvolvimento dos filhotes em uma bolsa; e, finalmente, monotremados, aos quais pertencem nosso estranho ornitorrinco e equidna. Esse último grupo bota ovos e alimenta seus filhotes com leite após eles saírem dos ovos. Um estudo publicado na Nature mostrou, inclusive, que os ornitorrincos perderam os genes que formam nutrientes nos ovos. Isso ocorre justamente porque os filhotes recebem leite da mãe após nascer.

Os monotremados possuem uma configuração diferenciada de genes. Parte é herança dos mamíferos, mas outras partes vêm de aves e répteis. Análises ainda mostraram certas diferenças evolutivas entre os monotremados e as duas demais classes de mamíferos. Genes para a produção de haptoglobina, lactação e receptores sensoriais químicos se mostraram bastante diferentes geneticamente nos ornitorrincos, por exemplo.

Os cromossomos sexuais mostraram que os monotremados possuíram um ancestral com esses mesmos cromossomos na forma de uma anel. Com o tempo, esse arranjo foi mudando e pode ter dado origem aos arranjos mais comuns hoje: XX para fêmeas e XY para machos. De forma geral, os pesquisadores puderam notar que os ornitorrincos têm mais semelhanças com patos do que com a maioria dos mamíferos.

Outras curiosidades e bizarrices do ornitorrinco

Diferente das baleias e outros mamíferos aquáticos, a visão, audição e olfato dos ornitorrincos não são muito bem adaptados ao mundo submerso. Todavia, o ornitorrinco tem um sexto sentido, literalmente. Acontece que o bicho tem o corpo coberto por eletroreceptores que permitem que este monotremado perceba variações elétricas na água.

Um mecanismo semelhante acontece na linha lateral dos peixes. Com esse mecanismo, portanto, os ornitorrincos conseguem nadar habilmente, além de detectar os impulsos elétricos dos músculos de suas presas. Aliás, eles são carnívoros e seu prato predileto são crustáceos e outros pequenos invertebrados. De vez em quando eles podem comer peixes e sapos.

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Imagem: robertpaulyoung / Wikipedia Commons

Apesar da aparência engraçada, o animal pode ser perigoso. Conectadas às garras das patas traseiras, o animal possui glândulas venenosas com uma toxina capaz de matar pequenos animais e causar, pelo menos, dores intensas nos humanos.

Assim como as equidnas, eles estão restritos a pouquíssimas partes do globo. Os ornitorrincos vivem apenas na Austrália, principalmente na ilha da Tasmânia, assim como as equidnas (apesar destas terem chegado também à Nova Guiné).

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