No contexto biológico, o ser humano está no “topo da cadeia alimentar”. Essa supremacia está intimamente ligada à capacidade de raciocínio complexo, habilidades tecnológicas avançadas, capacidade de comunicação e habilidades de caça e coleta que permite-o dominar e manipular o ambiente de formas que nenhum outro animal pode.
Contudo, o homem é o responsável direto pela destruição progressiva do habitat de outros animais e do seu próprio. A razão que possuímos parece, erroneamente, sobrepujar-se à importância da biodiversidade para o planeta. Prova disso é a extinção de mais de 1.400 espécies de aves em decorrência das atividades humanas.
Impacto humano na diversidade de aves
Liderado pelo Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido (UKCEH) e publicado na revista Nature, um novo estudo descobriu que as ações humanas resultaram na extinção de cerca de 1.400 espécies de aves, um número que supera em dobro as estimativas anteriores.
Essa revelação possui implicações consideráveis para a atual crise de biodiversidade, evidenciando ainda mais o impacto das atividades humanas sobre o equilíbrio ecológico global há muito discutido.
Desde a colonização humana, locais que eram considerados refúgios intocados experimentaram transformações dramáticas, como desmatamento em larga escala e caça excessiva.
Embora seja evidente que o conhecimento sobre algumas aves que desapareceram desde 1500, o entendimento sobre o que aconteceu com as aves antes disso vem principalmente de fósseis. Mas ainda é difícil entender completamente porque os ossos leves das aves se desintegram com o tempo, o que torna difícil saber exatamente quantas aves desapareceram ao longo da história.
Atualmente, os pesquisadores estimam que 1.430 espécies de aves, quase 12% do total, desapareceram ao longo da história humana moderna, desde o final do Pleistoceno, há aproximadamente 130.000 anos. De qualquer modo, a grande maioria dessas extinções foi direta ou indiretamente atribuída à atividade humana.
Modelos estatísticos
Para viabilizar a pesquisa, o estudo utilizou modelos estatísticos para estimar as extinções de aves não descobertas.
Desse modo, o principal autor do estudo e modelador ecológico do UKCEH, Dr. Rob Cooke, explica que “Nosso estudo demonstra que houve um impacto humano muito maior na diversidade aviária do que o anteriormente reconhecido. Os humanos devastaram rapidamente as populações de aves através da perda de habitat, da sobreexploração e da introdução de ratos, porcos e cães que atacaram ninhos de aves e competiram com elas por comida. Mostramos que muitas espécies foram extintas antes dos registros escritos e não deixaram vestígios, perdendo-se na história.”
Observações e descobertas de fósseis mostram que 640 tipos diferentes de pássaros desapareceram desde o período do Pleistoceno Superior, e a maioria deles, cerca de 90%, vivia em ilhas onde as pessoas começaram a morar.
Isso inclui pássaros famosos como o Dodô das Ilhas Maurício, o Grande Auk do Atlântico Norte e a Poupa Gigante de Santa Helena, que são menos conhecidos.
Entretanto, os cientistas acreditam que mais 790 espécies de aves também podem ter sumido, mas ainda não se tem registros delas. Hoje, restam apenas um pouco menos de 11.000 espécies de pássaros em todo o mundo.
Eventos de extinção causados pelo homem
Os cientistas afirmam que o estudo revelou o maior evento de extinção de vertebrados causado pela atividade humana na história. Durante o século XIV, aproximadamente 570 espécies de aves desapareceram após a chegada das pessoas ao Pacífico Oriental, incluindo o Havai e as Ilhas Cook. Isso é quase 100 vezes mais do que a taxa de extinção natural.
Eles também sugerem que houve outro grande evento de extinção por volta do século IX a.C., principalmente devido à chegada das pessoas ao Pacífico Ocidental, incluindo Fiji, as Ilhas Marianas e as Ilhas Canárias.
Além disso, destacam um evento contínuo de extinção que começou em meados do século XVIII. Desde então, além do aumento do desmatamento e da propagação de espécies invasoras, as aves têm enfrentado ameaças adicionais causadas pelo homem, como as mudanças climáticas, a agricultura intensiva e a poluição.