Em 50 mil anos, 469 espécies de aves entraram em extinção por ação humana

Mateus Marchetto
Um Dodô. Imagem: 134213 / Pixabay

Os humanos foram provavelmente os maiores responsáveis pela extinção de animais durante o Pleistoceno. Nesse sentido, uma pesquisa acaba de mostrar que as aves perderam entre 10% e 20% de todas suas espécies por causa de atividade humana

De acordo com o artigo, publicado no periódico Journal of Biogeography, diversas espécies de aves pré-históricas acabaram extintas num período entre 50 e 20 mil anos atrás. Todavia, 469 espécies apresentaram uma forte correlação com a atividade humana em sus hábitats naturais, seja pela caça, introdução de novas espécies, etc.

Para compor a pesquisa, os autores analisaram diversos outros estudos anteriores – uma meta-análise – para estimar os hábitats, tamanho e habilidade de voo de cada espécie. Quando estes dados não estavam presentes em uma determinada pesquisa, os autores usaram ferramentas estatísticas com o auxílio de uma inteligência artificial para estimar os dados.

Na maioria dos casos, a extinção de espécies nativas aconteceu apenas algumas centenas de anos após a chegada de populações humanas ao hábitat dos animais. Ademais, muitos registros fósseis de aves provém de assentamentos humanos antigos, provavelmente restos de caça descartados.

Características em comum das aves extintas

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Imagem: naturfreund_pics / Pixabay 

Além do número impressionante de espécies de aves mortas por seres humanos, os pesquisadores observaram três características principais nestas espécies.

A primeira delas é que 90% destes animais viviam em ilhas. Assim, em poucos anos após a chegada de grupos de Homo sapiens, estas espécies acabaram completamente extintas. Em segundo lugar, a grade maioria destes animais eram de grande porte, como as moas (grandes aves endêmicas da Nova Zelândia que tiveram 11 espécies extintas por humanos). Por fim, a grande maioria das espécies de aves extintas eram aves não voadoras.

Esse último dado é especialmente relevante porque existem pouco mais de 50 espécies de aves não voadoras vivas hoje, como pinguins, galinhas e avestruzes. Contudo, a pesquisa mostra que nossa espécie foi responsável pela extinção de pelo menos 116 espécies do tipo no passado.

Espécies não voadoras, por conseguinte, eram especialmente susceptíveis à caça humana, diferente de seus parentes voadores, pela maior facilidade de caça destes animais. Além do mais, a introdução de invasores como ratos, gatos, cães e porcos – acompanhados da invasão humana – também foi um dos possíveis principais fatores de tamanho estrago ao grupo das aves.

Os autores ainda ressaltam que as aves ainda estão passando pelo processo de extinção que começou a 50 mil anos, ainda ameaçadas pelos Homo sapiens. Todavia, a maior causa de extinção de aves (e também de outros animais) hoje é a destruição de hábitats naturais, como florestas tropicais.

A pesquisa está disponível no periódico Journal of Biogeography.

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