Mudança climática levou ancestrais dos elefantes à extinção, sugere pesquisa

Mateus Marchetto
Uma nova pesquisa mostra que a caça pode não ter sido o motivo principal da extinção dos ancestrais dos elefantes. Imagem: Julius Csotonyi.

Os seres humanos passaram a ser caçadores de grandes animais há mais ou menos 1,5 milhões de anos. Antes disso, nossa espécie se alimentava principalmente de vegetais e raízes. Por isso, diversas pesquisas sugerem que os humanos foram responsáveis por caçar os ancestrais dos elefantes, como os mamutes, à extinção. Todavia, uma nova pesquisa indica que essa culpa pode não ser toda nossa.

Há aproximadamente 10 mil anos, os últimos mamutes do planeta pereceram, junto à última era glacial recente. Isso deixou o grupo dos proboscídeos com apenas três espécies remanescentes no presente. Os três tipos de elefante – indiano, asiático e africano – por conseguinte, estão ameaçados de extinção.

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Imagem: Thorsten Messing/Pixabay 

Todavia, uma nova pesquisa publicada na Nature Ecology & Evolution sugere que a mudança climática teve um papel mais importante no sumiço destes grandes animais do que a caça pelos Homo sapiens. Para isso os pesquisadores organizaram uma análise de 185 espécies de proboscídeos com mais de 2000 fósseis.

As análises, portanto, mostraram que os ancestrais dos elefantes já estavam passando por maus-bocados antes dos humanos começarem a caçar feito loucos. Esse declínio do grupo, por outro lado, bate mais com o início do aquecimento do planeta, de acordo com a pesquisa. A maioria dos elefantes primitivos, aliás, eram mais adaptados a climas frios.

Interação dos humanos com ancestrais dos elefantes

Apesar da nova pesquisa, com um forte embasamento estatístico, a caça ainda pode ter tido um papel significativo na extinção dos ancestrais dos elefantes e outros integrantes da megafauna.

De acordo com a pesquisa, aliás, os últimos picos de extinção destes grupos aconteceram há 2,4 milhões de anos na África, 160 mil anos na Eurásia e 75 mil anos nas Américas. Isso contudo não indica o fim da linhagem dos mamutes e mastodontes. Como dito antes, alguns deles persistiram até 10 mil anos atrás.

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Imagem:  Jürgen Bierlein/Pixabay 

De acordo com os autores, ainda, os primeiros assentamentos humanos chegaram à África, Eurásia e América depois do declínio dos elefantes ancestrais já ter começado. Contudo, ainda é possível que nós tenhamos dado um empurrão no processo todo.

Diversidade dos proboscídeos

Há 20 milhões de anos, a taxa evolutiva deste grupo era 25 vezes maior do que o padrão até então. Isso levou ao surgimento de herbívoros gigantes que dominaram quase todos os ambientes do planeta. No entanto, isso só ocorreu devido à conexão entre África e Eurásia que ocorreu neste mesmo período, além da ponte de gelo formada entre a Rússia e os EUA.

Com o aquecimento do planeta, todavia, a pressão evolutiva aumentou muito e reduziu o grupo às populações que se adaptaram a climas mais quentes – como a savana. Contudo, estes animais estão passando hoje por mais uma ameaça, e esta certamente é responsabilidade dos Homo sapiens. A destruição de hábitats e a caça ilegal vêm aumentando o risco de extinção destes animais progressivamente.

O artigo está disponível no periódico Nature Ecology & Evolution.

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