‘Genes zumbis’ protegem elefantes de morte por câncer

Erik Behenck
Elefantes desafiam a lógica do câncer. Foto: Alisha / Depositphotos.

Quanto mais tempo você vive e quanto maior você for, maiores serão as chances de desenvolver câncer. Isso significa que existem mais células no seu corpo com mais possibilidades de ocorrer mutações. Os elefantes aparecem entre os maiores mamíferos que andam pela Terra, mas parecem desafiar essa lógica.

Até porque estas afirmações são verdadeiras entre indivíduos de uma mesma espécie. Conforme o Paradoxo de Peto, a tendência não é a mesma ao avaliar espécies diferentes. Aliás, apenas 5% dos elefantes morrem por câncer, enquanto nos humanos a taxa varia entre 11% e 25%.

Elefantes possuem gene que voltou da morte para protegê-los

Faz algumas décadas que os pesquisadores sabem o perigo causado pela proteína p53. Ela direciona a resposta do corpo contra o DNA danificado, que passa a evitar estas células, impedindo a sua proliferação. São os problemas com essa proteína que formam diferentes tipos de câncer, prejudicando o cérebro, cólon, fígado e outras partes do corpo.

Os humanos possuem somente uma cópia do gene p53, enquanto os elefantes possuem 20. Isso quer dizer que o DNA deles é mais “inteligente” contra os danos. Onde é preferível a morte de uma célula do que a tentativa de reparar o código genético.

De fato, não são um ou dois fatores que causam o câncer. Essa é uma doença que surge após diversos erros genéticos. Dessa forma, uma equipe de pesquisadores descobriu que não somente a proteína p53 protege os elefantes, bem como o gene LIF6. É ele que dá uma proteção exclusiva contra o câncer.

“Estávamos curiosos para saber se os elefantes tinham mais cópias de genes com funções supressoras de tumor, incluindo LIF, que é um gene supressor de tumor conhecido”, disse Vincent Lynch, biólogo evolucionista da Universidade de Chicago e co-investigador das novas descobertas.

Quem sabe eles carregam o segredo para a cura do câncer

Todos os mamíferos carregam um gene LIF. É uma proteína de sinalização celular, sendo que os humanos possuem uma cópia. Enquanto isso, os elefantes possuem 10 cópias. Foram cerca de 80 milhões de anos de evolução para a criação destas cópias, onde as fatias mais recentes podem ativar o gene. Isso quer dizer que elas estão quase mortas, são praticamente zumbis.

De uma maneira inexplicável até o momento, em algum ponto da história uma das cópias de LIF6 voltou a funcionar nos elefantes. A ressurreição do LIF6 deu a ele o termo de “gene zumbi” pelo pesquisadores. Nestes animais, quando uma célula sofre mutação, o p53 é ativado e o LIF6 dispara mitocôndrias nas células, acelerando a morte delas.

“Esta reanimação de LIF6 ocorreu talvez ao longo de 59 milhões de anos. É um período de tempo incrivelmente longo para a natureza modificar e aperfeiçoar um mecanismo anticâncer”, comentou o oncologista pediátrico da Universidade de Utah, Joshua Schiffman.

São raros os casos de ressurreição genética, ainda mais em um gene que tem a função de matar células. As descobertas ainda precisam ser validadas cientificamente, embora sejam magníficas. Por fim, a parte mais tentadora do estudo é descobrir como essa habilidade dos elefantes pode ajudar os humanos na luta contra o câncer.

Com informações de Popular Science.

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