A NASA pode ter detectado sinais de vida em Vênus em 1978

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: NASA).

A detecção da fosfina em Vênus lança luz sobre um dos maiores sonhos da humanidade – encontrar vida fora da Terra. Mas isso talvez não seja tão novo assim. A NASA não percebeu, mas eles podem ter detectado sinais de vida em Vênus no ano de 1978.

Com o telescópio James Clark Maxwell, no Havaí, e Atacama Large Millimeter Array (ALMA), que fica no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, os cientistas puderam detectar a fosfina.

A detecção da fosfina foi, na verdade, como um acidente. Os cientistas testaram seus equipamentos, e notaram assinatura espectrográfica (a reflexão da luz) da fosfina. Mas é claro que eles não estavam despreparados para  detectar o sinal. 

No entanto, a NASA pode ter sido pega realmente de surpresa. Surpresa ao ponto de não ter conseguido detectar os sinais captados por uma sonda que estava in loco.

Rakesh Mogul, bioquímico da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia vasculhou dados antigos da NASA. Então, ele percebeu que havia sinais de fosfina nos dados da Pioneer 13.

Um dos alvos da corrida espacial era Vênus. Os soviéticos e os Estados Unidos enviavam diversas sondas para o planeta. E a Pioneer foi uma série de sondas americanas.

A Pioneer 13 chegou a Vênus em 1978, e entrou na atmosfera do planeta. Portanto, suas análises são bastante ricas, embora a tecnologia da época fosse um tanto precária. A imagem abaixo é um infográfico que explica a entrada da sonda:

Pioneer Venus Orbiter and Multi Probe 1978 01565

 

Análise de dados

“Quando ele [artigo da Nature Astronomy] foi publicado, pensei imediatamente no espectro de massa prévio”, explica Mogul ao Live Science. “Portanto, para nós, foi um próximo passo natural dar outra olhada nos dados”.

“Então, após consultar meus co-autores, identificamos os artigos científicos originais e imediatamente começamos a procurar por compostos de fósforo”, explica o cientista.

O responsável pela detecção da fosfina foi o  Large Probe Neutral Mass Spectrometer (LNMS), um dos instrumentos a bordo da espaçonave. Eles descreveram a descoberta em um artigo ainda não revisado por pares, por ora publicado apenas no arXiv.

“Descobrimos que os dados LMNS apoiam a presença de fosfina; contudo, as origens da fosfina permaneçam desconhecidas”, escrevem os pesquisadores no artigo.

Detectar fosfina não é a especialidade de LMNS. No entanto, é possível seguir outro caminho. Embora ele não detecte diretamente o tipo de molécula que se trata, ainda é possível observar a massa.

Tanto a massa das moléculas, quanto a quantidade e a distribuição condizem com a descrição da detecção recente, publicada na Nature Astronomy. Portanto, a evidência é bastante forte.

“Acredito que as evidências de [traços de substâncias químicas que poderiam ser assinaturas de vida] nos dados anteriores foram descartadas porque se pensava que não poderiam existir na atmosfera”, explica Mogul.

Embora Vênus seja um alvo de olhares, é bastante estranho pensar que exista algo por ali. Vênus é um planeta extremamente hostil. É necessário, ainda ter certeza que a origem da fosfina não é geológica, e de que são realmente sinais de vida em Vênus.

“Precisamos de uma abordagem mais sustentada para a exploração como a de Marte”, diz Mogul.

O estudo, ainda não revisado por pares, foi publicado no arXiv. Com informações de Live Science.

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