A importância da poeira do Saara para a Terra

Daniela Marinho
Imagem: NASA

Responsável por produzir mais de 400 toneladas de poeira por ano, o grande deserto africano desempenha um papel essencial para a biologia global, pois a poeira do Saara contribui para a questão climática da Terra. O imenso deserto do Saara possui uma área extensa de 9,2 milhões de km², maior do que o território de alguns países, como o Brasil e a Austrália; e quase do mesmo tamanho que os Estados Unidos. É ainda o maior deserto quente do planeta, presente em diversos países: Argélia, Chade, Egito, Líbia, Mali, Marrocos, Mauritânia, Níger, Tunísia, Sudão, Etiópia, Djibuti e Somália – nos três últimos, o deserto recebe denominações locais.

Essa contribuição, no entanto, não se trata de um mero detalhe, visto que o deserto do Saara é o principal colaborador mundial em se tratando da poeira atmosférica. Produzida em grande parte por fontes naturais, a poeira viaja até a Escandinávia, o Japão ou a Amazônia, onde desemprenha sua função ambiental.

Além disso, o deserto é o elemento natural que subdivide a África nas áreas Mediterrânea (ao sul) e Subsaariana (ao norte). Devido à extensão, o Saara é dividido em três regiões: Saara Ocidental, Montanhas de Ahaggar e Maciço de Tibesti. Ao contrário do que imagina o senso comum, as grandes dunas de areia representam apenas uma parte do deserto, o que predomina são áreas pedregosas e inférteis.

O que é a poeira do Saara

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Deserto do Saara. Imagem: Canva

As características atuais do Saara são dominadas pelas chuvas raríssimas e pelo vento. O vento, por sua vez, é o principal fator que reduz as rochas em pedaços cada vez menores até formar minúsculas partículas de poeira. Desse modo, inicialmente, a poeira do Saara é poeira mineral formada pelo vento – aerossol atmosférico produzido pela suspensão de minerais no solo.

Por se tratar de partículas muito pequenas e leves, a poeira é facilmente levado pelo vento. No entanto, a poeira também é transportada pelos ares: primeiramente por áreas mais baixas (depressões) e quando são acumuladas são levadas para o céu pelo vento. Por fim, o sedimento solto é elevado e transportado para longe do deserto. Portanto, é uma “tarefa” de natureza geológica e química que só é possível graças ao vento.

O vento é tão importante que a poeira acaba quando acaba a circulação de ar. Mas graças ao efeito sazonal, a poeira do Saara consegue chegar ao seu destino: das tempestades de inverno e do início da primavera, a poeira do deserto geralmente acaba na Amazônia; as tempestades de verão tendem a trazer a poeira para a África, o Caribe e até partes dos Estados Unidos, como Flórida ou Texas). Ademais, a poeira também pode se espalhar para a Europa, Japão e até Havaí.

Importância da poeira do Saara em nível global

A maior fonte de poeira no ar do mundo certamente é o Saara. Ela (a poeira) atinge altitudes significativas na atmosfera fazendo com que os ventos de alto nível levem as plumas pelo globo terrestre. Esse transporte pode ser feito durante todas as estações do ano devido às tempestades que espalham a poeira por toda parte.

É compreensível que a poeira do Saara esteja relacionado a alguns transtornos e riscos em se tratando da saúde humana, como asma, doenças pulmonares e até mesmo infecções respiratórias. Contudo, a poeira não faz apenas com que as pessoas tenham mais dificuldade para respirar, ela exerce um papel fundamental no clima e na biologia da Terra, pois atua como um fertilizante.

Dessa forma, uma das missões principais da poeira do Saara é a transferência de nutrientes de um lugar para outro: o ferro presente na poeira do deserto é um importante contribuinte para o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo, sendo que mais de 70% do ferro disponível para os fotossintetizadores (microalgas) no Atlântico vem do pó do Saara.

Outra grande contribuição e relação nada óbvia entre um dos lugares mais quentes do planeta e a majestosa Amazônia é que a poeira do Saara é de extrema importância para a floresta devido à alta concentração de fósforo, que é escasso na floresta por conta das constantes chuvas. Assim sendo, a floresta amazônica depende dessa poeira enquanto fertilizante. Outrossim, a poeira do Saara é essencial para diversos ecossistemas.

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