Líderes dominantes tendem a ser preferíveis em tempos de incertezas

SoCientífica
Dois líderes populistas e autoritários: Le Pen, que perdeu a eleição à presidência da França em 2017, e Trump, presidente eleito dos Estados Unidos em 2016.

Os princípios do Darwinismo Social podem ter perdido suporte há algum tempo, mas o surgimento do populismo político no Século 21 continua a dar suporte à máxima de que “o mais forte sobrevive”, e são mais adeptos em liderar durante tempos de estresse.

Uma pesquisa conduzida pelo Professor Associado de Comportamento Organizacional, Niro Silvanathan, e o candidato a Phd, Hemant Kakkar, da Escola de Negócios de Londres (London Business School) revela que, em tempos de incertezas, líderes com tendência a serem dominantes são preferíveis a candidatos que são apenas respeitados e admirados.

A pesquisa, intitulada “Quando o apelo de um líder dominante é maior que um líder prestigiado” (publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, Junho de 2017), também tem bases na teoria da evolução, onde dominância e prestígio são vistos como rotas duplas para alcançar status e liderança.

“É oferecido, na pesquisa, uma explicação psicológica e situacional para quando e por que líderes dominantes, incluindo atualmente o presidente estadunidense Donald Trump, são preferíveis ao invés de outros candidatos respeitados e admirados,” diz Dr Niro Sivanathan.

Enquanto pode não ser consistentemente verdade de que ‘caras legais ficam por último’, nós concordamos que certas comunidades, quando enfrentam a ameaça de incertezas, vão preferir indivíduos mais assertivos, que expressam mais segurança em suas ações, a indivíduos estimados, como liderança,” diz Hemant Kakkar.

Kakkar e Dr. Sivanathan testaram suas hipóteses nos Estados Unidos, empregando análises estatísticas de código postais, aninhados em cada um dos 50 estados. Quando incertezas econômicas em um determinado código postal foram incluídas, Kakkar e Sivanathan observaram que, onde havia um decaimento no sistema financeiro, líderes dominantes eram significantemente mais preferidos, enquanto líderes de prestígio eram, evidentemente, menos desejados.

Eles, então, replicaram esses achados usando indicadores macroeconômicos objetivos de incerteza econômica utilizando os dados do Banco Mundial, compondo cerca de 138 mil indivíduos e abrangendo 69 países numa janela de vinte anos.

Com parte da comunidade alarmada pelo populismo e lutando para entender o que tudo isso significa ideologicamente, Sivanathan e Kakkar oferecem uma alternativa às numerosas caracterizações políticas e de personalidades.

“Guiados pela teoria da evolução para o surgimento de liderança, buscamos examinar empiricamente o recente apelo global para líderes dominantes,” diz Dr. Sivanathan. “Nossa afirmação central é de que a ameaça psicológica imposta pelo ambiente aumenta o apelo para um agente externo dominante que acreditamos ser capaz de diminuir essas ameaças e o sentido permanente de que o controle pessoal tenha sido perdido,” diz Hemant Kakkar.

Dada certas condições — estresse econômico; preocupação com o territorialismo — as pessoas, Sivanathan and Kakkar argumentam, tipicamente vão preferir um líder que é determinado em ser decisivo, autoritário e dominante, ao invés de um líder respeitado, inteligente, admirado e tolerante.

Referências

Hemant Kakkar et al. When the appeal of a dominant leader is greater than a prestige leader, Proceedings of the National Academy of Sciences (2017). DOI: 10.1073/pnas.1617711114

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