Apesar de alguns dinossauros terem hábitos evidentemente relacionados ao ambiente aquático, nenhum deles comprovadamente viveu na água na maior parte do tempo. Contudo, um novo fóssil da Mongólia mostra um novo dinossauro que pode ter sido muito parecido com um pato pré-histórico.
O Natovenator polydontus é o novo dino que, ao contrário de seus parentes mais famosos, possui um tamanho bastante reduzido e adaptado à vida na água. O dinossauro viveu no Cretáceo superior, há 77 milhões de anos, e tinha pouco mais de 30 cm de altura. A descoberta foi detalhada no periódico Communications Biology.
Além do tamanho reduzido, o N. polydontus possuía um corpo hidrodinâmico muito parecido com o das aves aquáticas modernas. Suas costelas eram voltadas para a parte posterior do corpo, como acontece com pinguins, por exemplo. Ademais, o animal possuía uma boca cheia de pequenos dentes, finos e numerosos. Esses dentes indicam que o dino poderia predar presas pequenas e escorregadias — majoritariamente, peixes.
Em 2017, pesquisadores descobriram um outro gênero de dinossauro com hábitos possivelmente aquáticos: Halszkaraptor. Pesquisas sugerem que este animal tinha uma vida aquática também semelhante à das aves marinhas modernas. Contudo, a hipótese não foi completamente aceita por pesquisadores. Não coincidentemente, é possível que este dino e o N. polydontus sejam aparentados de maneira próxima.
De onde vem a semelhança do dinossauro com um pato?
Outros dinossauros possivelmente tinham tendências aquáticas. O espinossauro tomou as notícias sobre paleontologia em 2020, quando novas descobertas mostraram que o animal era um grande predador das águas. Todavia, os espinossauros eram nadadores mais esporádicos do que se propõe para o N. polydontus – ao menos pelo que se sabe até o momento.
No caso dos mosassauros e plessiossauros, por exemplo, é importante ressaltar: esses animais não eram dinossauros e pertenciam a uma linhagem distinta dos ancestrais das aves. Portanto, não há no registro fóssil dinos completamente aquáticos.
A semelhança do N. polydontus com os patos modernos, por conseguinte, é mais um exemplo bem evidente de convergência evolutiva. Quando dois organismos que não são próximos na árvore evolutiva desenvolvem características parecidas, isso é convergência. Apesar dos dinossauros terem originado as aves modernas, o N. polydontus está muito distante de um pato na linha temporal, e as suas características não se conservaram na evolução.
Assim, o corpo hidrodinâmico, pescoço longo e um focinho (ou bico) longo aparecem como caracteres de origens diferentes nos patos e no N. polydontus. Ainda assim, eles têm uma função adaptativa muito parecida – natação e caça em ambientes aquáticos.
