Pesquisadores descobriram, no estado de Maryland, nos Estados Unidos, o fóssil do crânio de um peixe cheio de fezes fossilizadas. No mesmo sítio de escavação, a equipe encontrou outras evidências de fezes de animais altamente conservadas, mesmo depois de 9 milhões de anos.
Um coprólito se forma quando as fezes de um animal se dessecam e mineralizam, formando um fóssil. Apesar de parecer meio nojento estudar fezes de milhares de anos de idade, os coprólitos frequentemente fornecem informações sobre a alimentação e mesmo o hábitat de um animal.
Pela primeira vez na história, contudo, pesquisadores descobriram um crânio cheio de fezes fossilizadas. De acordo com a nova pesquisa, publicada na revista italiana Rivista Italiana di Paleontologia e Stratigrafia, a caixa cranial pertenceu um peixe do Mioceno, assim como muitos outros fósseis do sítio de Calvert Cliffs, em Maryland.
O curioso fóssil conserva, primeiramente, os ossos da cabeça do peixe Astroscopus countermani – uma espécie extinta descoberta nas falésias de Calvert Cliffs. Além disso, centenas de unidades redondas e regulares de fezes de um animal decompositor estão também presentes no fóssil. Cada pequena esfera de cocô tinha aproximadamente 2,5 milímetros.
A mesma pesquisa também analisou outros coprólitos do mesmo sítio, constatando um de 18 centímetros, provavelmente deixado para trás por um crocodilo do Mioceno ( período que data de 25 a 5 milhões de anos atrás).
A pergunta é: por que deixar um crânio cheio de fezes?
O autor Stephen Godfrey define, ao Live Science, como o fóssil pode ter surgido, afinal de contas. Godfrey diz que muitos animais “ficarão perfeitamente felizes em comer seu cérebro e encher seu crânio com fezes.”
Isso porque diversos insetos, vermes e lesmas, por exemplo, se alimentam de cadáveres de animais vertebrados, incluindo seu cérebro. O que acontece é que as fezes fossilizadas são muito mais raras de serem encontradas justamente por sua característica orgânica e degradável. Por esse motivo, inclusive, este é o primeiro fóssil de fezes dentro de um crânio.
O espaço do crânio cheio de fezes tinha em torno de 5 centímetros de largura. Ou seja, um animal flexível e pequeno teria de ser o dono das pequenas bolas de fezes no crânio do peixe. Devido ao ambiente e às condições do fóssil, a equipe acredita que vermes poliquetas são provavelmente os donos das fezes.
“[o pequeno espaço no crânio] iria provavelmente eliminar lesmas e moluscos, deixando os vermes poliquetas e outros tipos de vermes como os candidatos mais prováveis,” diz Godfrey.
A pesquisa está disponível no periódico Rivista Italiana di Paleontologia e Stratigrafia.