Parasitas foram encontrados em vaso sanitário antigo

Lorena Franqueto
Imagem: Yoli Schwartz/Israel Antiquities Authority

Nos dias atuais, os banheiros com rede de esgoto garantem a melhora das condições sanitárias da população. Mas em recentes estudos, pesquisadores identificaram parasitas, ovos deles, inclusive em banheiro do Antigo Oriente. O saneamento básico é o grande responsável por prevenir a disseminação de parasitas intestinais, contudo, nesse “banheiro” de pedra de calcário ainda não havia destino correto para as excretas.

Cabe ressaltar que o mesmo está no sul de Jerusalém, na região de Armon Hanatziv e possui mais de 2 mil anos de idade. Além disso, nessa localidade é possível ver a Cidade de Davi e o Monte do Templo.

Como aconteceu a identificação dos parasitas?

Para análise e levantamento da hipótese, os arqueólogos usaram 15 amostras de sedimentos de fossa de vaso sanitário, descoberto em 2019. Porém, a publicação dos achados chegou apenas recentemente pela revista International Journal of Paleopathology.

Primeiramente, as evidências indicam que o banheiro está próximo a um jardim bem cuidado e de restos de uma antiga mansão. Mas ainda há suspeita que, antigamente, o mesmo era cercado por pedras e, talvez, por um telhado. Logo, o mesmo pertenciam à alguém de alta posição social. Além disso, o vaso sanitário era simples, apenas uma pedra para coleta das excretas.

Em suma, todas as análises contaram com auxílio de microscópio de luz, permitindo a visualização e mensuração dos ovos dos vermes. Segundo os resultados do artigo, os pesquisadores identificaram os ovos de quatro parasitas diferentes naquele banheiro.

Sendo eles: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Taenia sp e Enterobius vermiculares. Assim como também concluíram que, pela primeira vez, registros parasitológicas de Jerusalém continham lombriga e oxiúro.

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A escavação do vaso sanitário em Jerusalém. Imagem: Yoli Schwartz/The Israel Antiquities Authority via Science Alert

Epidemia de infecções intestinais

Tendo em vista a falta de controle desses parasitas, pela ausência de higiene e de medicamentos, possivelmente, ocorreu uma epidemia de infecções nessa população. Uma vez que os vermes intestinais geralmente são disseminados pela água, os mesmos poderiam atingir cada vez mais pessoas.

Ou seja, quando não há tratamento das fezes, elas atingem outras fontes de água para ingestão e também plantações. E, sequencialmente, os ovos contidos na água ou alimentos acometem novos indivíduos.

Vale ressaltar que os principais sintomas relatados da infecção são a desnutrição, danos ao sistema nervoso e crescimento prejudicado, em casos graves. E, felizmente, com tratamento e condições básicas de vida seria viável controlar uma epidemia causada por parasitas intestinas.

Conforme arqueóloga da Universidade de Tel Aviv, esses resultados possuem alto impacto, pois permitem a documentação da história das doenças e o maior conhecimento sobre a vida das pessoas da Antiguidade.

Um pouco mais sobre a história dos banheiros

Os sanitários mais antigos da humanidade estão na Mesopotâmia, acredita-se que eles possuem mais de 6 mil anos. Mas eles não tinham nada haver com saneamento básico ou saúde. Alguns arqueólogos dizem que essas instalações nada mais eram que símbolos da riqueza e, quando eram banheiros internos, valiam-se mais pela conveniência e facilidade.

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