A falta de fezes de peixes está mudando o fluxo de carbono no oceano

Wellington Reis
Imagem: Pixabay/Bergadder

Por incrível que pareça, a falta de fezes de peixes está mudando o ciclo do carbono no oceano com a magnitude do impacto de uma mudança climática no oceano.

Entenda como esse processo funciona a seguir.

A importância das fezes de peixe

As fezes de peixes são os mecanismos naturais mais eficientes de armazenamento de carbono, os prendendo no oceano por mais de 600 anos. 

Contudo, com o aumento da pesca industrial, o número de peixes no mar diminuiu. Em vista disso, Daniele Bianchi, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e seus colegas decidiram investigar como isso afetou o fluxo de fezes.

A equipe desenvolveu um modelo do ecossistema marinho global que quantifica como a produção de fezes de peixes mudou ao longo do tempo. 

O modelo é baseado em estimativas de números históricos e atuais de peixes capturados, bem como impactos humanos mais amplos nos ecossistemas marinhos, como as mudanças climáticas.

Depois de analisar as espécies predadas pelos pescadores industriais, assim como as que eles não capturam. O modelo mostrou que antes do início da pesca industrial, a biomassa global das espécies na primeira categoria foi de cerca de 5 bilhões de toneladas, enquanto o total de peixes que não são direcionados pelos pescadores industriais foi quase o dobro. 

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Imagem: grom900/Pixabay

Dado que a biomassa de todos os humanos no planeta hoje é uma ordem de magnitude menor, esses números são grandes, diz Bianchi.

A biomassa do planeta

A fotossíntese produz quase toda a biomassa do planeta Terra, através de plantas. Então, uma forma de medir a influência de um animal no ecossistema é observar o quanto dessa massa, chamada de produção primária global, ciclava por ela.

Foi descoberto que as espécies que os pescadores industriais tentam capturar ciclavam 2 por cento dessa massa antes dos anos 1900. 

Contudo, quando o número de peixes capturados industrialmente atingiu o pico na década de 1990, o número caiu pela metade, assim como a taxa de carbono bloqueada nas fezes dos peixes afundada no mar.

Desse modo, os números sugerem que o efeito da pesca industrial no ciclo de carbono do oceano é comparável em magnitude ao impacto da mudança climática no carbono do oceano, diz Bianchi. “Devemos considerar os peixes como parte integrante dos ciclos biogeoquímicos do oceano.”

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