Cérebros de gatos diminuíram após a domesticação, indica pesquisa

Mateus Marchetto
Imagem: Pexels / Pixabay

Há cerca de 10.000 anos, os primeiros gatos domesticados começaram a viver em habitações e assentamentos humanos. Contudo, a domesticação cobrou um preço significativo. Nesse sentido, uma nova pesquisa indica que os cérebros de gatos diminuíram em relação a seus parentes selvagens.

A pesquisa, disponível no periódico Royal Society Open Science, analisou três espécies de gatos incialmente. Felis catus, primeiramente, são os gatos domésticos que conhecemos. Os autores também analisaram dados sobre o gato-selvagem-europeu (Felis silvestris) e o gato-selvagem-africano (Felis lybica).

wildcat g7dfd01a95 1920
Felis silvestris. Imagem: Pixel-mixer / Pixabay

Os pesquisadores, por conseguinte, compararam o volume médio do crânio das três espécies, bem como de híbridos entre elas. Acontece que os cérebros de gatos domésticos são consideravelmente menores do que os de seus parentes selvagens.

Ademais, filhotes híbridos entre o gato doméstico e gato-selvagem-europeu resultaram em cérebros de tamanho intermediário das duas espécies. Vale comentar, ademais, que análises genéticas mostraram que o gato-selvagem-africano é o descendente mais próximo do ancestral que deu origem aos nossos gatos domésticos.

“Nossos dados indicam que gatos domésticos, de fato, têm volumes craniais menores (implicando cérebros menores) em relação a ambos o gato-selvagem-europeu e o descendente selvagem dos gatos domésticos, o gato-selvagem-africano, verificando resultados mais antigos,” dizem os autores no artigo.

Mudança nos cérebros de gatos domésticos

Assim como acontece com outros animais domesticados, há uma hipótese para o tamanho menor do cérebro dos gatos domésticos. Os autores acreditam que essa característica tenha relação com a diminuição do número de células da crista neural dos animais.

Essa porção do sistema nervoso, nesse sentido, tem uma relação direta com o medo e a excitabilidade. Portanto, menos células na crista neural implicam animais mais dóceis e sociáveis do que seus parentes selvagens. Contudo, ainda não há confirmações dessa hipótese a nível celular.

1920px Felis Lybica Sarda 02
Felis lybica. Imagem: Gurtuju / Wikipedia Commons

Todas essas ideias, aliás, já circulavam pela comunidade científica há algum tempo. No entanto, os autores afirmam que foi necessário atualizar as pesquisas pois as referências sobre a domesticação dos gatos já estão bastante antigas e ultrapassadas.

Boa parte dos estudos sobre a domesticação de gatos dos anos 60 e 70, por exemplo, não levam em consideração que o gato-selvagem-africano seja o ancestral selvagem que deu origem aos gatos domésticos.

“Comparações de tamanho cerebral são frequentemente baseadas em literatura antiga e inacessível e em alguns casos traçavam comparações entre animais domésticos e espécies selvagens que não representam mais a real espécie progenitora da espécie doméstica em questão,” afirma a pesquisa.

Compartilhar