Fóssil mais antigo de um broto de flor muda a perspectiva da evolução das plantas

Mateus Marchetto

As angiospermas, o grupo de plantas com flores e frutos, começou a surgir no registro fóssil depois de 145 milhões de anos atrás. Pela ausência de fósseis anteriores a isso, pesquisadores imaginavam um mundo sem este tipo de planta antes desse período. Um novo fóssil, contudo, pode mudar a nossa concepção da evolução das plantas: um broto de flor de 165 milhões de anos de idade.

Em 2018, pesquisadores descobriram um fóssil bastante polêmico de uma flor de mais de 174 milhões de anos de idade. Contudo, muitos especialistas argumentaram que o fóssil talvez não possuísse as características essenciais que fazem de uma planta uma angiosperma.

fóssil de broto de flor
(Por Da-Fang Cui, Yemao Hou, Pengfei Yin, Xin Wang, 2022. Um botão de flor jurássico da China. Geological Society, Londres, Publicações Especiais, 521, https://doi.org/10.1144/SP521-2021-122.)

A nova pesquisa, todavia, publicada no periódico Geological Society of London, afirma que o fóssil de 165 milhões de anos é, sem dúvida, de uma angiosperma. A planta recebeu o nome de Florigerminis jurassica e tem algumas características-chave das angiospermas.

Segundo o autor Xin Wang, a planta “inclui não apenas um caule com folhas mas também uma fruta e broto de flor fisicamente conectados.” Para a pesquisa, a presença dessas estruturas indica fortemente a florescência em estágios intermediários.

Como o fóssil muda a evolução das plantas

As gimnospermas são um segundo grupo de plantas, nesse caso sem flores ou frutos, mas com a presença de sementes. Este grupo de plantas surgiu há provavelmente 250 milhões de anos e elas foram os vegetais dominantes até, aproximadamente, a extinção dos dinossauros.

Contudo, as angiospermas (com flores e frutos) têm diversas vantagens evolutivas em relação a suas parentes mais antigas, o que as ajudou a se tornarem as plantas dominantes no planeta. Uma angiosperma pode, por exemplo, ter associações com insetos polinizadores, o que torna a reprodução mais eficiente.

Ainda, frutos protegem as sementes e animais que comem os frutos podem carregar as sementes para locais distantes, aumentando a abrangência da espécie.

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Imagem: Bessi / Pixabay

Assim, é possível que a Florigerminis jurassica tenha sido uma das primeiras espécies de angiosperma a ter sucesso evolutivo. Nesse período mais remoto, ademais, é possível que estas plantas tenham sido mais raras e isoladas geograficamente. A questão é: por que?

Segundo os autores, a teoria vigente sobre a evolução das plantas angiospermas precisa de uma importante revisão, baseada tanto nos fósseis quanto na pergunta acima.

A pesquisa está disponível no periódico Geological Society of London.

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