Este homem descobriu florestas antigas que podem combater a mudança climática

Mateus Marchetto
Bob Leverett medindo uma árvore em Stockbridge. Ele escreveu um livro sobre essa prática. Imagem: David Degner

Bob Leverett nasceu há 80 anos na cordilheira Apalaches, entre a Georgia e o Tennessee. Leverett trabalhou como engenheiro da Força Aérea Americana por 12 anos, seguindo sua carreira na engenharia até 2007, quando se aposentou. Contudo, além da sua carreira notável nas ciências exatas, Bob Leverett revolucionou a ecologia da Nova Inglaterra com suas descobertas de florestas centenárias.

Até o final dos anos 80, acreditava-se que as florestas primárias de Massachusetts tinham praticamente desaparecido. Estas florestas centenárias são majoritariamente muito antigas e contam com árvores de 100, 200 e até mais de 300 anos. Além do mais, florestas primárias são altamente conservadas, sofrendo pouca influência humana ao longo de centenas de anos.

Ainda nos anos 80, Bob Leverett identificou diversos trechos de floresta no parque de Ice Glen, em Massachusetts, que lembravam ecossistemas há muito eliminados da paisagem pela extração de madeira. Em 1988, Leverett publicou suas observações e medições nessas florestas na revista Woodland Steward.

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Imagem: MOHANN / Pixabay

De pronto a comunidade de especialistas na área começou a entrar em contato com Leverett e a redescobrir, junto com ele, florestas consideradas destruídas há centenas de anos. Centenas de árvores identificadas por Leverett passavam dos 300 anos de idade.

Além do mais, Leverett percebeu que até então a medição do tamanho das árvores – em todo o mundo – estava sendo feita de uma maneira imprecisa. Acontece que as medições não levavam em consideração o crescimento tortuoso dos troncos das árvores. Leverett então ajudou a criar e popularizar um novo método para a medição dos troncos.

A importância de florestas centenárias

Florestas jovens tendem a absorver grandes quantidades de carbono. Ou seja, quando uma floresta cresce, ela também retira mais carbono da atmosfera para suas plantas jovens, em crescimento.

Todavia, em parceria com outros pesquisadores, Leverett publicou um estudo, em 2021, indicando que árvores antigas também tendem a absorver muito carbono. Assim, a equipe descobriu que espécies como a Pinus strobus tendem a absorver a maior quantidade de carbono possível entre seus 100 e 150 anos de idade.

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Imagem: ArtTower/Pixabay

Assim, Bob Leverett não apenas ajudou a revolucionar vários paradigmas ecológicos sobre os ecossistemas do leste dos Estados Unidos. Sobretudo, Leverett ajudou e ainda ajuda a transmitir uma mensagem importante sobre florestas centenárias primárias: elas são um recurso importante para o combate à mudança climática.

“Outras pessoas são mais eloquentes na maneira como descrevem o impacto das florestas no espírito humano,” afirma Leverett ao Smithsonian Magazine. “Eu apenas sinto.”

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