Estrelas semelhantes ao Sol estão devorando seus planetas

Jônatas Ribeiro
Imagem/Reprodução: Universe Today

Nosso Sistema Solar é pura calmaria. E isso apesar de tempestades solares, passagens de meteoros e outros fenômenos assustadores. A verdade é que podemos contar com muitos fatores que favorecem a existência da vida. Entre eles, a posição da Terra em relação ao Sol. Além disso, nossos planetas seguem órbitas quase circulares e estáveis. Isso sugere que seu movimento não variou muito ao longo do tempo. Significa também que é difícil vermos uma colisão entre planetas por aqui. Ou mesmo algum planeta em queda em direção ao Sol.

Coisas assim fazem com que cientistas procurem por características semelhantes em outros sistemas. Essa tem sido uma das grandes tarefas da astronomia nos últimos tempos: a busca por exoplanetas. Isto é, planetas que orbitam outra estrela que não seja o Sol. E a procura não é só exoplanetas, mas também aqueles que são favoráveis à vida. Ou pelo menos, vida como conhecemos. Mas o caso do nosso Sistema Solar não é o mesmo de muitos sistemas pelo universo. É isso que mostra uma pesquisa recente.

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Sistema Solar. Imagem: Shutterstock

Planetas em queda

A publicação do artigo foi na revista Nature Astronomy. A equipe de cientistas é internacional e conta inclusive com brasileiros. O trabalho, por sua vez, estuda 107 estrelas binárias (duplas) semelhantes ao Sol. Essas estrelas são metade das que vemos no céu e orbitam uma à outra. Também se formaram juntas do mesmo material gasoso. Sua composição, portanto, deve ser muito parecida. A ideia é que, se um planeta cair em uma estrela, será dissolvido nela. Sua composição, dessa forma, se mistura com a da estrela. Assim, veríamos nela mais elementos típicos de planetas rochosos, como o ferro.

Para investigar isso, a luz das estrelas é separada em várias cores (frequências). Cada parte desse espectro de cores pode indicar a presença de algum elemento químico. Portanto, estudando o espectro das duas estrelas em um sistema binário, descobrimos em qual o planeta pode ter caído. A composição das duas, assim, será diferente. Chamamos isso de espectroscopia.

espectroscopia no prisma. demonstração da técnica para encontrar planetas
Imagem: Pixabay

Além disso, o estudo aponta também outras três questões importantes. A primeira é sobre a estrutura das estrelas. Aquelas com uma camada externa de gás menos grossa têm mais chance de ser ricas em ferro. A razão é ser mais fácil para o planeta se dissolver em uma camada fina. A segunda tem a ver com o lítio. Esse elemento é destruído facilmente na evolução das estrelas. Porém, é conservado em planetas. Assim, se a estrela contém lítio, esse pode ser um indício da colisão com um planeta. A terceira, por fim, envolve a galáxia em que está o sistema binário. Estrelas semelhantes da galáxia devem ter quantidades semelhantes de carbono. Se não, esse também pode ser indício de que um planeta esteve na estrela em questão.

Em busca da nova Terra

O trabalho estabelece que 20% a 35% das estrelas semelhantes ao Sol engolem dessa forma seus planetas. E o valor da descoberta se dá em muitas frentes. Ela indica que estrelas podem ter sua composição química alterada por engolir planetas. Também mostra que muitos sistemas estelares devem ter tido passados mais dinâmicos que o nosso. Por fim, estabelece um método para identificar potenciais “novas Terras”.

A pesquisa sobre exoplanetas é uma área em ebulição na astronomia moderna. Conhecer mais sobre eles, e como identificá-los, é essencial para encontrarmos potenciais planetas parecidos com o nosso.

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