Uma equipe de pesquisadores da Rice University e da Florida State University mostraram que a maior parte do carbono da Terra pode estar preso no núcleo externo do planeta. Este reservatório de carbono, inclusive, pode conter quantidades altíssimas deste elemento.
O carbono, por sua vez, é um dos elementos mais abundantes do universo. Ainda assim, é difícil encontrar planetas que contenham carbono da forma como temos aqui na Terra. Não é à toa, aliás, que este pequeno átomo tetravalente é a base de toda a química orgânica e da própria vida como conhecemos.
Contudo, a pesquisa publicada no periódico Communications Earth & Environment mostra que até 95% de todo este elemento do nosso planeta pode estar preso em um reservatório de carbono bastante profundo: o núcleo externo.
Evidentemente, não há como medir diretamente qualquer coisa nas camadas mais profundas da Terra, a não ser por erupções vulcânicas. Portanto, a equipe utilizou ondas sonoras e o movimento delas ao longo dos 6400km de profundidade do planeta.
A partir dos dados das ondas sonoras, um software ficou encarregado de calcular e simular as quantidades mais condizentes de cada elemento no núcleo.
“Quando a velocidade das ondas sonoras nas nossas simulações combinavam com a velocidade observada do som viajando pela Terra, nos sabíamos que as simulações estavam condizentes com a real composição química do núcleo externo.”, afirma o pós-doutorando Suraj Bajgain, autor da pesquisa.
Importância de um reservatório de carbono tão profundo
A maior parte do núcleo é feita de ferro e níquel. O núcleo interno permanece no estado sólido, devido à pressão absurda de todas as outras camadas do planeta. Já o núcleo externo tem um estado líquido, a uma pressão levemente menor.
De acordo com a pesquisa, nesse sentido, o carbono é altamente solúvel em compostos fundidos de ferro. Isso, ademais, reforça a possibilidade de um reservatório de carbono existente no núcleo externo.
Para falar em porcentagens, os pesquisadores indicam que o carbono representa entre 0,3% e 3% do núcleo externo. Pouco? Na verdade isso equivale a algo entre 5,5 e 36,8 *1024 gramas. Ou seja, entre 5,5 e 36,8 seguidos de 24 zeros. Isso porque estamos falando de proporções planetárias, e o núcleo é imenso.
Isso fornece, de acordo com os autores, uma nova interpretação para a densidade do núcleo. Isso porque em pesquisas recentes, a densidade esperada do núcleo tem sido diferente daquela realmente medida.
Além do mais, o entendimento da dinâmica desse elemento dentro do planeta pode nos ajudar a entender também as bases da vida por aqui – e quem sabe em outros planetas também.
A pesquisa está disponível no periódico Communications Earth & Environment.