Se hoje em dia cada território possui seu próprio idioma, na antiguidade as coisas não eram diferentes, como os hieróglifos egípcios, decifrados no século 18, que trazem à tona um grande mistério: como pesquisadores decifram códigos antigos para a linguagem moderna?
Podemos usar como exemplo a decodificação da pedra de Roseta, descoberta em uma expedição militar francesa no Egito. O elemento, contudo, apresenta um decreto de Ptolomeu V, com três sistemas diferentes de escrita: hieróglifos egípcios, grego antigo e escrita demótica.
O decreto, na verdade, era uma afirmação de que os egípcios concordavam em coroar Ptolomeu V faraó, em troca de incentivos fiscais. Naquela época, uma dinastia de governantes descendentes de Ptolomeu I (um dos generais de Alexandre, o Grande) governava o Egito. Quando os militares franceses descobriram a pedra, tanto os hieróglifos egípcios, como a escrita demótica, eram desconhecidos, apenas sabiam sobre o grego antigo.
“A inscrição da Roseta se tornou o ícone da decifração, em geral, com a implicação de que ter bilíngues é a chave mais importante para a decifração. Mas observe isto: embora cópias da inscrição da Roseta tenham circulado entre os estudiosos desde sua descoberta, ela demore mais de duas décadas antes que qualquer progresso significativo na decifração seja feito”, disse Andréas Stauder, professor de egiptologia da École Pratique des Hautes Études em Paris, ao Live Science por e-mail.
Será possível decifrar perfeitamente os hieróglifos egípcios?
Dentro da escrita hierogrífica, há sinais que representam sons e outros que representam ideias, conforme apontou James Allen, professor de egiptologia da Brown University. Até o estudioso Jean-François Champollion (1790-1832) começar a estudar hieróglifos,”os estudiosos basicamente acreditavam que todos os hieróglifos eram apenas simbólicos”. Allen fez essa afirmação ao Live Science por e-mail, observando que a contribuição mais importante de Champollion foi reconhecer que eles também podiam representam sons.
Como Champollion “conhecia o copta – o último estágio do antigo egípcio, escrito em letras gregas – ele podia descobrir o valor sonoro dos hieróglifos a partir da correspondência entre os hieróglifos egípcios e a tradução grega na Pedra de Roseta”, disse Allen.
“Existem basicamente três tipos de problemas de decifração”, explicou. “A escrita hieroglífica egípcia se enquadra na categoria de um caso em que a língua é conhecida, mas não a escrita”, apontou. Dito de outra forma, os estudiosos já conheciam a antiga língua egípcia do copta, mas não sabiam o que significavam os signos hieroglíficos.
Outro problema é que “conhecem o script, mas não o idioma”. Por fim, algumas escritas do hieróglifos egípcios mostram palavras, mas que ainda desconhecem o significado. “Ser capaz de relacionar uma escrita não decifrada a um idioma ou grupo de idiomas é vital”, completou.
Sobretudo, as tentativas para decifrar os códigos estão apresentando progresso, pois os pesquisadores já sabem que eles estão relacionados à família de línguas do Nordeste sudanês.