Uma pesquisa já mostrou que os cães provavelmente chegaram às Américas acompanhando os primeiros habitantes do continente há cerca de 15.000 anos. Mas como se deu a criação deste laço de amizade? Como cães e humanos se tornaram tão próximos?
Até pouco tempo, indícios mostravam que os cães poderiam ter sido domesticados há 11.000 anos. Contudo, estudos recentes mostram que a domesticação dos cães é mais antiga do que se imaginava. Análises genéticas de fósseis mostram que já existiam diversas raças de cães já no final da última era do gelo. Portanto, pesquisadores agora acreditam que a domesticação de cães provavelmente ocorreu na Sibéria antes de 23.000 anos atrás.
As condições climáticas adversas que antecederam e durante este período pode ter servido para trazer as populações humanas e de lobos em estreita proximidade dada as suas atrações para o mesmo tipo de presa.
Essa interação cada vez maior, por meio da eliminação mútua de lobos atraídos para acampamentos humanos, pode ter iniciado uma relação entre as espécies que eventualmente levaram à domesticação dos cães e um papel vital no povoamento das Américas.
O papel das mulheres na criação de laços entre os cães e humanos
Uma equipe de pesquisa norte-americana fez uma extensa pesquisa no banco de dados Human Relations Area Files, que é uma extensa coleção de documentos etnográficos. Analisando os dados eles chegaram a conclusão de as mulheres tiveram um papel de fundamental importância no fortalecimento dos laços entre cães e humanos.
Os pesquisadores descobriram um padrão nas sociedades tradicionais em que as mulheres se envolviam mais com os cães.
“Descobrimos que os relacionamentos dos cães com as mulheres podem ter um impacto maior no vínculo humano-cão do que os relacionamentos com os homens”, disse o autor Jaime Chambers ao Daily Online.
Durante sua pesquisa a equipe encontrou milhares de menções a cães em mais de 844 artigos escritos em 144 sociedades tradicionais de subsistência de todo o globo. O estudo revelou um padrão nas sociedades tradicionais em que as mulheres se envolviam mais com os cães.
Isso foi demonstrado por meio de um maior grau de afeto, no qual eles eram mais propensos a receber um nome ou dormir na cama de seus donos. Neste aspecto, os humanos se tornaram mais úteis para os cães.
A caça também fortaleceu o vínculo entre os cães e os humanos
Uma observação feita pela pesquisa é que sociedade que caçavam com cães valorizavam seus caninos mais do que outras que não usam um cão para ajudar a rastrear a presa.
A equipe de pesquisa também observou que nos registros, quanto mais quente o clima geral, menos úteis os cães tendiam a ser para os humanos. Isso se dava por que os cães são mais eficientes em níveis energéticos que as pessoas. Entretanto, isso também significa que a temperatura corporal deles é mais alta. No calor, eles irão superaquecer com apenas um pouco de exercício durante um dia quente.
A medida em que a sociedade começou a cultivar mais, passou a valorizar menos os canídeos para a caça e passou a observar mais a sua “personalidade”.
Os pesquisadores acrescentam evidências à teoria de que cães e humanos ‘escolheram uns aos outros’ em vez de humanos procurando filhotes de lobo para criar.
“De qualquer forma, houve benefícios claros para os cães”, disse Chambers, acrescentando que “os cães estão em todo lugar que os humanos estão”.
“Se pensarmos que os cães são bem-sucedidos como espécie, se houver muitos, então eles foram capazes de prosperar. Eles se uniram a nós e nos seguiram por todo o mundo. Tem sido um relacionamento de muito sucesso.”
O estudo científico foi publicado no Journal of Ethnobiology.
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