Um tubarão-tigre é um peixe moldado pela evolução para ser um predador de topo de cadeia dos oceanos. Essa espécie é uma das mais violentas dentre os tubarões, frequentemente associada mesmo a ataques a humanos. Contudo, suas presas também precisaram evoluir para se defender de ataques mortais. As tartarugas-marinhas, nesse sentido, são algumas das presas favoritas de diversas espécies de tubarões. Até pouco tempo acreditava-se que as tartarugas recorriam a se esconder assim que detectassem a presença de um predador nos arredores. Contudo, um vídeo inédito mostra uma tartaruga utilizando uma estratégia para se defender de um tubarão-tigre.
O vídeo (fragmento acima) mostra que a tartaruga não busca só fugir quando encontra o tubarão, mas sim fugir na direção do predador. Tal qual um guerreiro espartano, a tartaruga fica de frente com o tubarão, tentando manter o contato visual com o predador o tempo todo. Isso permite que a tartaruga contra-ataque o tubarão-tigre de forma agressiva, investindo contra o animal. Essa atitude defensiva permite que a tartaruga ganhe algum tempo para se livrar da ameaça.
Pesquisadores do Instituto Harry Butler, em parceria com o Departamento de Biodiversidade da Austrália registraram o vídeo e publicaram um artigo referente à observação. O estudo completo está disponível no periódico Ecology e retrata mais claramente o comportamento defensivo, pela primeira vez registrado da perspectiva de uma tartaruga. Mesmo que os tubarões-tigre tenham uma agressividade característica, o tubarão no vídeo desiste do ataque após as investidas violentas da tartaruga.
Como o vídeo mostra a visão da tartaruga
O registro publicado em vídeo só foi possível por uma tecnologia recente de monitoramento da fauna marinha. A técnica tem o nome de “smart tag” e está sendo usada para monitorar os hábitos das tartarugas da costa australiana. Por meio dos vídeos os pesquisadores podem fazer análises quantitativas e qualitativas da alimentação e reprodução das tartarugas, além de registrar ataques de tubarões, como é o caso das imagens do vídeo citado anteriormente.
Basicamente o que acontece é que uma pequena câmera fica presa à parte superior do casco do animal, de forma que a filmagem registre mais ou menos o campo de visão da tartaruga. Durante o vídeo do ataque, inclusive, é possível observar a pele do pescoço do animal se esticando conforme ela ataca o tubarão, mostrando a velocidade e ferocidade dos ataques da tartaruga.
Pesquisadores começaram a implantar esse tipo de monitoramento há poucos anos, melhorando os monitoramentos que acontecem também por GPS. Os dados gerados pelos vídeos podem ajudar a entender melhor o comportamento das tartarugas e também as ameaças sobre a espécie. Isso é de suma importância porque a maioria das espécies de tartatugas-marinhas estão intensamente ameaçadas devido à poluição dos oceanos e perda de hábitats. Na Austrália, inclusive, a Grande Barreira de Corais representa um dos ecossistemas mais importantes do mundo para a espécie, já que nesse ambiente os animais se reproduzem e se alimentam.
O artigo científico foi publicado no periódico Ecology.