Tubarão pré-histórico escondia dentes afiados em mandíbula assustadora

Amanda dos Santos
Ilustração do tubarão pré-histórico Ferromirum oukherbouchi. (Imagem: © Christian Klug, UZH)

O sorriso desse predador era horripilante para peixes nadando no oceano, há milhões de anos. Quando esse tubarão pré-histórico abria a boca, a mandíbula inferior dele se estendia para baixo em ambos os lados, de modo que os dentes mais novos e afiados, que antes estavam ao longo da mandíbula, se curvem para cima.

Cientistas descobriram recentemente essa característica em um fóssil de um tubarão de 370 milhões de anos. Ele habitou águas próximas ao que hoje é o Marrocos. A espécie, apelidada de Ferromirum oukherbouchi, tinha uma mandíbula que rodava para dentro quando a boca estava fechada e para fora quando a boca estava aberta.

Ao contrário dos tubarões modernos, nos quais os dentes desgastados são constantemente deslocados por dentes novos, este tubarão germinou seus dentes mais novos em uma fileira na parte interna da mandíbula, ao lado dos dentes mais velhos. Então, conforme os dentes cresciam, eles se curvavam em direção a língua do tubarão.

Características do tubarão pré-histórico

Ao abrir a boca, o tubarão tinha uma cartilagem na parte de trás da mandíbula que se flexionava, de modo que os lados da mandíbula “dobravam” para baixo e os dentes mais novos giravam para cima. Isso permitia que o tubarão pré-históricos mordesse sua presa com o máximo de dentes possível, de acordo com o novo estudo.

F. oukherbouchi tinha um corpo pequeno e esguio medindo cerca de 33 centímetros de comprimento, com um focinho triangular e curto. Seus olhos eram extremamente grandes, com órbitas ocupando cerca de 30% do comprimento total de sua caixa craniana, relataram os cientistas.

Assim, sua mandíbula e arco hióide – estruturas de cartilagem atrás da mandíbula – foram preservados em 3D, oferecendo pistas interessantes sobre a estrutura e função da mandíbula em tubarões antigos.

tomografia computadorizada
Os cientistas usaram tomografias computadorizadas para criar modelos digitais em 3D do crânio e da mandíbula de Ferromirum oukherbouchi .(Crédito da imagem: Frey, L., Coates, MI, Tietjen, K. et al. Um simoriiforme do Devoniano tardio de Marrocos demonstra uma função mandibular derivada em condrichthyans antigos. Commun Biol 3, 681 (2020). Https: // doi.org/10.1038/s42003-020-01394-2)

Ou seja, como a mandíbula estava bem preservada, os pesquisadores puderam digitalizá-la com tomografia computadorizada de raios-X (TC) e a modelaram digitalmente em 3D para realizar teste mecânicos.

Portanto, eles descobriram que a mandíbula do tubarão não estava fundida no centro, então ela era capaz de se dobrar para fora ao longo dessa costura flexível quando a boca estava aberta.

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Consequentemente, por meio dessa rotação, os dentes mais jovens, maiores e mais afiados, que geralmente apontavam para o interior da boca, eram colocados em uma posição vertical. Enfim, tornando mais fácil para os animais empalar suas presas, disse a principal autora do estudo, Linda Frey, da Universidade de Zurique.

Mandíbula única

Quando a mandíbula do tubarão se fecha, a água do mar empurra a presa em direção à garganta. Ao mesmo tempo, a mandíbula fechada gira os dentes para a parte de dentro a fim de imobilizar e prender a refeição do tubarão, disse Frey em um comunicado.

Por fim, o padrão de movimento da mandíbula é diferente de tudo que já foi conhecido sobre qualquer peixe vivo, escreveram os cientistas no estudo.

O estudo científico foi publicado no periódico Communications Biology.

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