Fóssil de anfíbio é o animal mais antigo com língua protrátil

Cristina Dyna
Crânio scaneado de um anfíbio. (EDWARD L. STANLEY / MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL DA FLÓRIDA, VG-STUDIOMAX)

Um fóssil de crânio de anfíbio foi encontrado possuindo tecidos moles conservados em âmbar. O exemplar contém uma língua protrátil semelhante à encontrada em camaleões.

O fóssil do anfíbio

Albanerpetontídeo é o nome que o grupo de anfíbios recebeu pelos paleontólogos. Ele trás algumas indagações aos cientistas por apresentar algumas características distintas dos demais anfíbios atuais, como a presença de escamas e garras. Entretanto, a confusão ficou ainda maior quando um fóssil de crânio de “albie” foi encontrado com uma língua protrátil.

O crânio estava preservado em um ãmbar de Mianmar de 99 milhões de anos. Nesta região encontra-se criaturas preservadas no âmbar que datam o período Cretáceo. O mais importante é que a fossilização em âmbar consegue preservar estruturas que dificilmente se mantém ao longo dos anos, como a língua desse exemplar encontrado.

A descoberta consiste em um crânio com um osso longo conectado ao pescoço, com vestígios de uma língua comprida. Assim, o material indica uma nova espécie de anfíbio antigo de 52 milímetros, o qual representa a “língua balística” mais antiga da história.

Como eram os “albies”?

Os fósseis representantes do grupo encontrados até agora datam entre 2 a 165 milhões de anos, indicando que viveram da metade do Jurássico até o início da Idade do Gelo. Porém, até o momento pouco se sabia sobre a espécie, pois a maioria dos fósseis encontrados eram fragmentados.

Dessa forma, conforme os registros fragmentados encontrados, os pesquisadores acreditavam que os albies cavavam e tinham em média dez centímetro de comprimento. De acordo com o paleontólogo Juan Diego Daza (Sam Houston State University) “eles têm seus corpos cobertos por escamas epidérmicas e têm garras queratinizadas”, sendo “ao contrário dos anfíbios vivos”.

Os inúmeros fósseis de albanerpetontídeos encontrados na região da Espanha, Canadá e Japão fez os cientistas acreditarem que esses anfíbios eram comuns. Esses exemplares formaram a imagem de um tipo de salamandra com garras, uma mandíbula estranha e escamas. “Eles eram coisinhas estranhas com articulações da mandíbula e do pescoço esquisitas” (paleontóloga Susan Evans, da University College London).

Então, os cientistas tinham dificuldades de melhor estudar essa espécie, pois dificilmente encontravam fósseis em bom estado de conservação. Assim, o fóssil de âmbar recém descoberto é uma luz para o entendimento sobre esses animais. Segundo o paleontólogo James Gardner (Royal Tyrrell Museum) “esses espécimes são a segunda melhor coisa para poder viajar no tempo para estudar um albanerpetontídeo vivo”.

O “réptil” que virou anfíbio: Yaksha perettii

De acordo com a Science News, a equipe de paleontólogos chamou o estranho anfíbio de Yaksha perettii em homenagem a um espírito da natureza do folclore de Mianmar e ao descobridor do fóssil, o mineralogista Adolf Peretti.

Em um estudo anterior, realizado com fósseis fragmentados, Daza e Edward Stanley (Museu de História Natural da Flórida) acreditaram que o Y. perettii  era um réptil camaleão. Isto se deve ao fato do Y. perettii  ter uma pele coberta por escamas e alimentar-se com a língua. Entretanto, Evans, que estudou os albanerpetontídeos por anos, declarou que o animal não era um réptil, sim um extinto grupo de anfíbios.

Fóssil de anfíbio
(Anfíbio moderno / Diego Madrigal – La Fortuna, Costa Rica – Pexels Photos)

As hipóteses e teorias sobre o modo de vida desse espécie mudou completamente quando o crânio conservado foi descoberto. Segundo David DeMar (paleobiólogo do Museu Smithsonian de História Natural em Washington) “Esses espécimes mudam completamente nosso entendimento sobre os albanerpetonídeos”.

Agora se sabe que os Y. perettii  não eram escavadores e sim predadores arbóreos: ficavam nos galhos das árvores esperando suas presas passarem para projetar suas línguas balísticas e agarrarem a comida. De acordo com a Smithsonian Magazine, a descoberta desses fósseis mudou o antigo grupo de anfíbios do solo para as árvores.

Apesar de muito ter se esclarecido algumas questões sobre os albanerpetontídeos ainda permanecem alguns questionamento. Os cientistas ainda não conseguem definir quais as relações evolutivas do grupo com demais anfíbios (vivos e extintos).

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