Há muito tempo os cientistas acreditam que as algas fotossintéticas permanecem dormentes na maior parte do inverno, pois o gelo marinho e a neve bloqueiam a luz. Mas uma nova pesquisa sugere que o fitoplâncton sob o gelo da baía entre Groelândia e Canadá começa a crescer ainda em fevereiro. O estudo foi publicado na Science Advances.
Fitoplâncton consegue crescer na ausência de luz
O oceanógrafo da Université Laval, Achim Randelhoff, e seus colegas implantaram flutuadores submersíveis que podem medir a atividade fotossintética e as concentrações de algas debaixo d’água. Os flutuadores foram colocados na Baía de Baffin.
A cada inverno, a baía congela enquanto o polo norte fica dominado pela escuridão. Os cientistas dizem que o fitoplâncton floresce na primavera, sustentando um ecossistema de baleias e narvais. Mas a equipe descobriu que o fitoplâncton na verdade começa a crescer no início de fevereiro, quando o sol mal aparece no horizonte do Ártico.
Os pesquisadores perceberam que em fevereiro, quando mal havia luz, o fitoplâncton do Ártico começou a crescer e se multiplicar. Portanto, para os pesquisadores, o florescimento na primavera é o resultado de um longo período de crescimento que começa no inverno. Isso desafia as crenças anteriores dos cientistas, que pensavam que o fenômeno seria uma explosão de atividade biológica.
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Os pesquisadores ficaram surpresos com a capacidade do fitoplâncton de crescer com tão pouca luz. Conforme os meses passavam e o sol subia mais alto, a equipe descobriu que o crescimento das algas acelerou, atingindo o pico de crescimento entre abril e maio. Isso tudo apesar dos microrganismos estarem totalmente cobertos por gelo.
Mas os cientistas admitem que muita coisa sobre o Ártico ainda permanece em mistério. Achim Randelhoff disse que “grande parte do inverno no Ártico ainda é uma caixa preta.” De acordo com o pesquisador, esse é o tipo de estudo que levanta mais perguntas do que respostas.
E o que é florescimento?
O fitoplâncton são organismos microscópicos aquáticos que têm capacidade fotossintética. Eles vivem flutuando na água de maneira dispersa. Servem como alimentação para seres aquáticos maiores e, portanto, estão na base da cadeia alimentar.
O fenômeno do florescimento acontece quando há temperatura favorável e excesso de nutrientes; em ambiente oportuno, esses organismos se multiplicam de forma muito rápida. Quando isso ocorre, a água fica esverdeada e depois fica marrom, quando o plâncton começa a morrer. Mas isso pode trazer muitos problemas: o oxigênio da água pode esgotar devido à decomposição, causando a morte em massa de peixes e de outros seres vivos.
O fenômeno pode ocorrer naturalmente, mas também pode acontecer devido à poluição, com o excesso de nutrientes na água. Nos florescimentos naturais, o problema acaba quando os nutrientes se esgotam ou a temperatura muda.
Além disso, acredita-se que o fitoplâncton seja responsável pela produção de cerca de 80% de todo oxigênio da atmosfera do planeta.
O estudo está disponível na Science Advances.