Um marsupial da Austrália extremamente fofo – e fluorescente

Mateus Marchetto
Cientistas acabam de observar que os vombates são fluorescentes, assim como os ornitorrincos. (Imagem de pen_ash por Pixabay)

Aparentemente, a fauna australiana tem uma moda bem peculiar. Há poucos dias pesquisadores descobriram que ornitorrincos emitem luz fluorescente quando expostos a luz UV. Como se não fosse suficientemente estranho, agora os pesquisadores estão observando essa mesma característica em diversos outros animais australianos, inclusive nos vombates.

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(Western Australian Museum)

Esses últimos são mamíferos originários da Austrália que mais parecem um hamster gigante. Todavia, enquanto os ornitorrincos são monotremados os vombates são marsupiais. Para encurtar a história, os ornitorrincos são mamíferos que poem ovos. Por outro lado, os vombates criam seus filhotes em uma bolsa até eles completarem o desenvolvimento – assim como os cangurus.

No entanto, fato é que esses animais também são biofluorescentes, assim como morcegos e outras diversas espécies de marsupiais australianos. O que é intrigante nesse caso é que ser fluorescente é uma característica até então ligada a peixes, répteis, bactérias e algas, principalmente. Naturalmente, essa característica é extremamente rara em mamíferos e só foi observada antes em animais geneticamente modificados.

Para que serve um vombate fluorescente

Em geral, um organismo fluorescente usa essa característica para algum tipo de sinalização. Em alguns casos pode ser para fugir de predadores, em outros para a localização. No entanto, os pesquisadores ainda não chegaram a uma conclusão plausível para a fluorescência dos animais australianos. Além dos ornitorrincos e vombates, estudos mostraram o mesmo fenômeno em esquilos-voadores dos Estados Unidos.

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(Imagem de pen_ash por Pixabay)

Vale lembrar da diferença entre biofluorescência e bioluminescência, aliás. Um corpo é fluorescente quando ele emite radiação ultravioleta e devolve uma luz com um comprimento de onda mais alto, gerando cores vibrantes. Esse processo, veja bem, depende do contato com a luz UV. Bioluminescência, por outro lado, ocorre quando um organismo produz luz a partir da energia do seu metabolismo. Muitos peixes abissais, inclusive, usam essa estratégia para caçar.

Essa característica, em geral, é possível por meio de proteínas fluorescentes. Elas, portanto, são as responsáveis por absorver a luz ultravioleta e emitir luzes dignas de uma rave. No entanto, ainda não se sabe ao certo se são realmente proteínas conhecidas que promovem esse processo nos mamíferos.

Sempre na Austrália

A Austrália é conhecida pela sua fauna bizarra. Crocodilos gigantes, ornitorrincos e diabos-da-tasmânia são só alguns exemplos da variedade de animais incomuns nesse país. Acontece que o fato do país ser uma ilha proporcionou diversas formas de evolução não tão comuns em outros lugares do mundo. Alguns animais, como o próprio ornitorrinco, só existem na Austrália.

Justamente por isso o país é tão rico em biodiversidade. Essa última, aliás, vem sendo bastante ameaçada nos últimos anos devido a toda a situação da emergência climática ao redor do mundo. No começo de 2020, por exemplo, as planícies australianas passaram por queimadas tão intensas quanto aquelas do Pantanal brasileiro.

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(Imagem de pen_ash por Pixabay)

Enfim, a fluorescência é mais uma das características para as coleções de bizarrices dos animais australianos. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo ainda não publicaram resultados sobre a funcionalidade das características fluorescentes. Parte da comunidade científica, inclusive, encara com ceticismo o fato de que isso possa ter alguma função evolutiva.

De uma forma ou de outra, precisaremos aguardar mais estudos para entender qual a função da biofluorescência nesses animais extraordiários.

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