Suécia e Rússia quase entraram em crise diplomática por peidos de peixes

Felipe Miranda
(Brindefalk / Wikimedia Commons).

Durante a Guerra Fria, todos os países eram paranoicos – o que inclui a Suécia – a ponto de quase se iniciar uma crise diplomática por peidos de peixes. 

Em 1981, um submarino soviético encalhou da costa na Suécia, apenas 10 quilômetros de distância de uma base naval militar sueca. A tripulação dizia que por problemas em seus instrumentos de navegação, foram obrigados a adentrar o território de águas suecas.

Acontece que, embora geralmente não levemos isso em conta, a indústria militar da Suécia é muito boa. Durante a Guerra Fria, a Suécia se manteve um país neutro. No entanto, eles se localizam a uma proximidade muito grande da Rússia, gerando uma grande desconfiança. Durante esse período, a Suécia investiu uma quantidade considerável de dinheiro e de mão de obra em sua área militar.

Na Primeira Guerra Mundial, o país se manteve neutro e lucrou exportou armas, desenvolvendo seu setor de armamentos. Na Segunda Guerra Mundial, novamente desenvolve tecnologia bélica, mas dessa vez para se proteger de invasões tanto dos Aliados, quanto dos Alemães, e se manter neutra, como historicamente. Durante a Guerra Fria, mantendo-se neutra, desenvolveu sua tecnologia bélica, tanto para proteção, quanto para exportação. 

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Gripen NG, um dos principais produtos da indústria bélica sueca. (G4ng3r / Wikimedia Commons).

Submarinos inimigos

A Rússia é, historicamente, um país bastante Imperialista. Portanto, durante a Guerra Fria, a Suécia permanecia em alerta, já pela proximidade com a União Soviética. Quando aquele submarino adentrou suas águas, os militares suecos detectaram materiais radioativos bélicos, o que indicava que ele equipava-se com armas nucleares.

Eles devolveram o submarino, ao invés de apreendê-lo. No entanto, permaneceram ainda mais atentos às movimentações soviéticas próximas ao sul da Suécia. Nesse período, então, eles detectaram um série de sinais estranhos abaixo da água, em 1982.

Convencidos que tratava-se de submarinos russos, colocaram imediatamente suas forças armadas para persegui-los. Durante um mês, submarinos, embarcações e aeronaves suecas perseguiram os sinais, mas não conseguiram encontrar nenhum invasor inimigo. Durante mais 15 anos, eles continuaram a perseguir os sinais sonoros e vibrações captados dentro da água, mas nunca encontravam nada.

Eles acreditavam que, com o fim da Guerra Fria, os já enfraquecidos Russos parariam de provocá-los, já que havia muitos assuntos internos para os países da ex-União Soviética resolver. No entanto, durante o início dos anos 1990, já com a queda da URSS, os sinais não se interrompiam – e os Suecos permaneciam perplexos. 

Crise diplomática por … peidos de peixes?

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Arenque, o ‘submarino russo’. (Gervais et Boulart, 1877).

Em 1996, Magnus Wahlberg, professor da Universidade do Sul da Dinamarca, entra para a mobilização que investigava os supostos submarinos russos. Então os militares levaram ele e outros civis envolvidos para uma sala secreta em uma base naval para mostrar-lhes os sons captados de dentro da água. Até então, apenas militares conheciam o assunto.

Então, Wahlberg e outro colega, passaram a tentar descobrir o que causaria tais sons, trabalhando com a hipótese de que pudessem não ser, na verdade, submarinos nucleares russos. O que faria tantas bolhas e sons a ponto de confundir todos os militares de um país tão competente nesse ramo?

“Acontece que o arenque tem uma bexiga natatória, e essa bexiga natatória conecta-se ao duto anal do peixe. É uma conexão única, encontrada apenas no arenque. Portanto, um arenque pode espremer sua bexiga natatória e, dessa forma, pode soltar um pequeno número de bolhas pela abertura anal”, explica o professor em uma palestra do TED Talks em 2012.

Os arenques andam em grandes cardumes. Quando em uma situação de stress, como a água muito agitada (por atividades militares os perseguindo) ou predadores os ameaçando, eles liberam gases semelhante a flatulências, ou seja, peidos. Sabe aquela música: “um elefante não incomoda muita gente; dois elefantes incomodam muito mais”? Pois então, isso também vale para os arenques. Cardumes gigantes faziam todo aquele barulho. 

Veja a palestra de Magnus Wahlberg no TED Talks em 2012: 

Com informações de IFL Science

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