O tamanho de um animal pode ser importante para a sobrevivência. Animais maiores, por exemplo, podem viajar mais longe, além de combater predadores de forma mais fácil. Contudo, um estudo feito em duas ilhas do Oceano Índico mostra como os sapos da região sofreram nanismo insular. A esse último se dá o nome quando uma espécie acaba reduzindo de tamanho por viver em uma ilha.
Os sapos Sclerophrys gutturalis vivem na maior parte da África subsaariana. No entanto, em 1922 humanos levaram essa espécie para as Ilhas Maurício para controlar a população de besouros. Alguns anos mais tarde, esses sapos tiveram o mesmo propósito na Ilha da Reunião, para controlar mosquitos dessa vez.
Nesse sentido, um estudo publicado esse ano mostrou que os sapos das ilhas estão muito menores do que aqueles do continente. Segundo os cientistas, esse é um claro exemplo de nanismo insular. A parte estranha é que essa diminuição de tamanho geralmente leva milhares de anos para acontecer. Com os sapos, o processo levou menos de um século.
Os sapos não são os primeiros a virarem anões
Essa diminuição de tamanho que acontece em ilhas já aconteceu muitas vezes. Aliás, mesmo mamutes e dinossauros passaram por isso. Algumas espécies de saurópodes, os maiores dinossauros que já viveram, diminuíram também de tamanho após alguns animais acabarem ficando isolados em ilhas.
Acredita-se, nesse sentido, que isso acontece como uma forma de adaptação ao novo ambiente. Vale lembrar que a diminuição do tamanho acontece ao longo de gerações, e não em um único animal. De qualquer maneira, uma vez que o animal não precise viajar longas distâncias, é melhor ter menos massa corporal, para poupar energia.
Além do mais, quando animais acabam migrando ou sendo levados para ilhas, no geral não há predadores nativos. Isso aconteceu, inclusive com os S. gutturalis. Não havendo predadores, o tamanho não é mais um fator de defesa. Nesse caso é até melhor que o animal seja menor para poder perseguir presas com mais agilidade.
Como isso aconteceu tão rápido
Ainda não se sabe ao certo se os sapos passaram por seleção natural. Isso porque, justamente, a seleção costuma levar milhares de anos. Outra hipótese possível é que esses animais estejam menores devido à subnutrição. Uma vez que a população de besouros e mosquitos diminuiu, esses anfíbios podem ter ficado sem alimento. Por isso a espécie pode não estar se desenvolvendo por completo.
Talvez, ainda, essa espécie tenha uma disposição genética para essa flexibilidade no tamanho. Todavia, esse ainda pode ser um exemplo da evolução acontecendo. Apesar de fósseis mostrarem que o nanismo insular leva tempo para acontecer, os sapos podem ter passado por isso devido ao ciclo de vida curto e alta pressão do ambiente.
A mesma equipe de cientistas, inclusive, está planejando novos estudos com esses mesmos sapos. Entretanto, dessa vez os cientistas avaliarão também a dieta e o ambiente dos sapos mais afundo. Dessa forma talvez seja possível determinar o que realmente está fazendo esses sapos virarem anões tão rápido.
O artigo está disponível em: Biology Letters