Recifes de coral estão perdendo a cor, avisam cientistas

Dominic Albuquerque

Os recifes de coral são o habitat marinho com maior diversidade em todo o planeta. Pense neles como sendo florestas tropicais submersas, com diversas espécies diferentes vivendo umas entre as outras.

Infelizmente, as colônias de peixes na famosa Grande Barreira de Corais, na Austrália, podem se tornar menos coloridas à medida que os oceanos aquecem, segundo um estudo que analisou as mudanças na saúde dos recifes, tipos de recife, e peixes habitantes ao longo de três décadas.

“Recifes futuros podem não ser os ecossistemas coloridos que conhecemos hoje”, escreveu o ecologista marinho Chris Hemingson num artigo publicado na Global Change Biology.

“Nossas descobertas sugerem que os recifes podem estar num ponto crítico de transição e podem estar prestes a se tornarem bem menos coloridos nos próximos anos”.

O estudo sobre os recifes de coral e suas comunidades marinhas

O estudo, que foi feito semanas depois da Grande Barreira de Corais ser atingida por um forte evento de calor – responsáveis por afetar a constituição e resistência dos recifes –, foca em corais em torno da Ilha de Orfeu, que se localiza no meio da barreira australiana.

Esses eventos de “branqueamento” dos recifes de coral já ocorreram antes, e mudaram profundamente a aparência dos recifes na área, com a perda dos corais moles sendo um fator potencial para o desaparecimento de peixes coloridos, que estão se tornando gradativamente uma espécie rara, aponta o estudo.

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(Hemingson et al., Global Change Biology, 2022)

“A medida que esses corais complexos se tornam raros, nos recifes futuros impactados pelas mudanças climáticas as comunidades de peixes podem se tornar mais opacas”, o trio de pesquisadores escreveu no site do grupo.

Para investigar isso, Hemingson e seus colegas estudaram a diversidade de cores encontrada nas comunidades de peixes nos recifes de coral, e as relacionaram com os tipos de habitats onde esses peixes vivem.

Sua coloração é naturalmente ligada com os recifes de coral em que habitam, seja a dos peixes com cores fortes, que atraem parceiros, ou os de cores neutras, que conseguem se disfarçar melhor no ambiente para evitar predadores.

Comunidades de peixes em regiões saudáveis do recife, com diversos corais complexos, foram comparadas com outras áreas, algumas onde há recifes degradados, e outras onde corais incrustrados predominam durante ondas de calor e ciclones.

“Descobrimos que a medida que a cobertura dos corais estruturalmente complexos aumenta num recife, também cresce a diversidade e alcance das cores presentes nos peixes vivendo nele e ao redor”, disse Hemingson, que focou o estudo em espécies pequenas, que raramente se distanciam do seu lar no recife.

Os pesquisadores analisaram as mudanças ocorridas nos últimos trinta anos. Sabe-se que apenas 2% da Grande Barreira de Corais continua intacta após os cinco eventos massivos que causam a descoloração terem ocorrido nessas três décadas.

“Os declínios recorrentes podem levar a uma perda completa dessas espécies vívidas e brilhantes”, o que efetivamente tiraria a cor das comunidades de peixes, tornando-as maçantes e monótonas.

Apesar dos corais incrustrados massivos substituírem os moles e serem mais resistentes a impactos de calor – o que fortalece o recife diante perturbações futuras –, eles fornecem uma proteção reduzida de predadores aos peixes coloridos.

“Infelizmente, isso significa que os corais que são mais capazes de sobreviver aos efeitos imediatos das mudanças climáticas possivelmente não conseguem manter a diversidade de cores que atualmente é mantida pelos recifes de corais”, escrevem os pesquisadores.

“Comunidades de peixes em recifes futuros então podem se tornar uma versão monótona das configurações prévias, mesmo que a cobertura de coral se mantenha alta”.

Infelizmente, esse é um dos diversos efeitos das mudanças climáticas que têm sido intensificadas pela ação humana.

O estudo foi publicado na revista Global Change Biology.

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